Roberto de Jesus Sant'Anna

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

MAÇONARIA - O QUE É A MAÇONARIA


Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçom através do Mundo; não sendo uma religião, não tem dogmas:. Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes:. Mas isso não obsta a que a Maçonaria possua certo número de princípios básicos, aceites por todos os irmãos em todas as partes do globo: É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potencia maçônica à escala mundial nem um Grão-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a ação da Ordem.

CONSTRUÇÃO
Vejamos o seu nome Maçonaria vem provavelmente do Frances "Maçonnerie", que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o "maçom". A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçom, o pedreiro-livre em vernáculo português, será, portanto o construtor, o que trabalha para erguer um edifício
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JUSTIÇA SOCIAL
A Maçonaria admite, portanto, que o homem e a sociedade são susceptíveis de melhoria, são passíveis de aperfeiçoamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive. Mas, para além da solidariedade e da justiça, não define os meios rigorosos por que essa transformação se arde fazer nem os modelos exato em que ela possa desembocar. Nada há, por exemplo, no seio da Maçonaria, que faça rejeitar uma sociedade de tipo socialista ou de tipo liberal. O que lhe importa é um homem melhor dentro de uma sociedade melhor.

ACLASSISMO
Dos ideais de justiça e solidariedade humanas, levados até as últimas conseqüências, resulta naturalmente o ser a Maçonaria uma instituição aclassista e anticlassista, englobando representantes de todos os grupos sociais que, como maçons, devem tentar esquecer a sua integração de classe e comportarem-se como iguais. "A Maçonaria honra igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual", rezava o artigo 6s da Constituição de 1926. E, nos requisitos para se ser maçom, exige-se apenas, para além de diversas condições morais e intelectuais que mais adiante serão mencionadas, o exercerem-se uma profissão honesta que assegure meios de subsistência. É verdade que a exigência de se possuir a instrução necessária para compreender os fins da Ordem exclui, desde logo, os analfabetos e grande parte das massas populares (em Portugal, entenda-se). E é verdade também que a maioria dos maçons proveio e continua a provir dos grupos burgueses. Mas isso se deve apenas as condições históricas em que todas as sociedades têm vivido nos últimos 200 anos. R medida que as classes trabalhadoras vão atingindo mais elevado nível social e cultural, assim o número de maçons delas oriundo tende a aumentar paralelamente. Em Maçonarias de países como a Grã-Bretanha, a França ou a Holanda, o caráter aclassista da Ordem Maçônica nota-se com muito maior intensidade do que em Portugal ou na Espanha.

APERFEIÇOAMENTO INTELECTUAL
O aperfeiçoamento do homem e da sociedade não se Poe apenas, para o maçom, em termos de melhoria econômica social. Por também, e, sobretudo, em termos de melhoria intelectual, do afinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento adquiridos. Livre pensamento, para começar. "A Maçonaria é livre-pensadora", dizia o artigo 3s da Constituição de 1926. Mas livre pensamento não coincide necessariamente com ateísmo:. Já um texto famoso e respeitado dos primórdios da instituição, as Constituições de Anderson, de 1723, dizia que o maçom que entendesse bem de "Arte", "nunca será um ateu estúpido ou um libertino irreligioso. Mas embora - continuava o texto - nos tempos antigos os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da religião, fosse ela qual fosse desse país ou dessa nação, considera-se agora como mais a propósito obrigá-los apenas aquela religião na qual todos os homens estão de acordo, deixando a cada um as suas convicções próprias (...)". Hoje, talvez a maioria dos maçons professe um deísmo ou teísmo de conceitos vagos e alegóricos, embora não faltem ateus nem crentes de variadas religiões, desde o cristão ao muçulmano. O que todos rejeitam são dogmatismos e exclusivismos confessionais.

FRATERNIDADE
Levados às últimas consequências, os princípios atrás mencionados teriam de implicar uma fraternidade de tipo universal. Este é não só um principio teórico, mas uma norma de prática quotidiana:. "A Maçonaria é uma instituição universal (...). Todos os maçons constituem uma e a mesma família e da o tratamento de irmãos, sendo iguais perante a lei", dizia o artigo 7º da Constituição de 1926. “A Maçonaria estende a todos os homens os laços fraternais que unem os maçons sobre a superfície do globo" (artigo 5º do mesmo texto). Através do ritual, que inclui vocabulário próprio e sinais de reconhecimento específicos, um maçom português pode contratar com um maçom japonês e receber dele ou transmitir-lhe ajuda e apoio de qualquer gênero. De fato, um dos deveres importantes do maçom, inserto nas Constituições do mundo inteiro, consiste em reconhecer como irmãos todos os maçons, tratá-los como tais e prestar-lhes auxílio e proteção, a suas viúvas e filhos menores. A história da Maçonaria está cheia de casos que provam o geral cumprimento deste dever.

DEMOCRACIA, IGUALDADE
Democracia e igualdade encontram-se também entre os princípios básicos da instituição maçônica. Todo o poder reside no povo, como o atestava o artigo 18s da Constituição de 1926, ao dizer que "A Ordem Maçônica em Portugal só reconhece a soberania do povo maçônico". Todos os maçons são iguais, independentemente do grau a que pertençam. "Durante as sessões maçônicas - rezava o artigo 17º, § único - todos os obreiros, qualquer que seja o seu grau ou o seu rito, estão sujeitos a mais perfeita igualdade, prevalecendo a opinião da maioria, quando não seja contrária as leis e regulamentos":. Por sua vez, as células de organização e de trabalho da Ordem, as chamadas Oficinas, "são todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si" (artigo 12s da Constituição). Nas Maçonarias de todo o mundo, o Grão-Mestre e os Grão-Mestres adjuntos são eleitos pela totalidade do povo maçônico, variando apenas a forma dessa eleição. Em muitos países, qualquer maçom, aliás, desde que tenha atingido a condição de Mestre (ou seja, maçom perfeito) pode, em teoria, ser eleito Grão-Mestre. Outro tanto se verifica nas eleições para os múltiplos cargos de cada oficina.

OFICINAS
Cada Maçonaria nacional está estruturada em células autônomas, "todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si", designadas por oficinas:. Existem dois tipos de oficinas, chamados lojas e triângulos. A loja é composta por um mínimo de sete maçons perfeitos, não conhecendo limite máximo de membros. O triângulo é composto por três maçons perfeitos, pelo menos, e por seis, no máximo, passando a loja quando um sétimo membro se lhe vem agregar.
Uma loja completa possui dez funcionários, que são:
Venerável ou Presidente, que preside aos trabalhos e os orienta.
Primeiro Vigilante, que dirige os trabalhos dos companheiros e vela pela disciplina geral.
Segundo Vigilante, que tem por função a instrução dos aprendizes
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Orador, encarregado de fazer a síntese dos trabalhos e deles extrair as conclusões; é ainda o representante da Lei maçônica\
Secretário, que redige as atas das sessões e se ocupa das relações administrativas entre a loja e a Obediencia
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Mestre de Cerimônias, que introduz na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas cerimônias de iniciação\
Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira
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Os cargos, do Venerável ao Secretário, são chamados as luzes da oficina\


As origens da Maçonaria
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Sobre as origens da Maçonaria têm-se gasto rios de tinta e escrito as mais fantasiosas histórias. Desde os mistérios de Elêusis ao rei Salomão e à Ordem do Templo, tudo tem servido a maçons, desejosos de exaltar a antiguidade da Ordem, e a profanos não menos desejosos de denegrir essa mesma Ordem, para escreverem patranhas e balelas, confrangedoras pela ingenuidade e ignorância que revelam.

Ligação direta com o passado, só a encontramos no que respeita ao corporativismo obreiro. Como diz o historiador da Maçonaria Paul Naudon, numa frase concisa e perfeita, "a franca - maçonaria apresenta-se como a continuação e a transformação da organização dos mestres da Idade Média e do Renascimento, na qual o elemento especulativo tomou o lugar do elemento operativo".

As corporações dos mestres conheciam, é claro, para além do seu caráter puramente profissional, preocupações de outra natureza: religiosa, iniciativa, caritativa, cultural até:. Tinham seus patronos próprios, suas festas rituais - muitas vezes remontando à Antiguidade, mas com "disfarce" cristão -, seus mistérios, sua intensa solidariedade. A corporação dos pedreiros, ligados à nobre arte da arquitetura, incluía-se entre as mais importantes, respeitadas e ricas em simbologia e em segredos. Nela se fundiam princípios, práticas e tradições de construção que remontavam aos Egípcios, aos Hebreus, aos Caldeus, aos Fenícios, aos Gregos, aos Romanos e aos Bizantinos, em suma, a todo o corpus da civilização europeia. Nesta medida, e só nela, se pode ligar a Maçonaria a uma remota Antiguidade.

É certo que não deixa de impressionar, na cristalização maçônica de hoje, a existência de todo um conjunto de elementos que lembram a organização das ordens da cavalaria e, sobretudo, o ideário dos Templários. Grande parte do vocabulário maçônico está ligada, por sua vez, ao judaísmo bíblico. Parece, todavia, que esta associação se deve mais à influência que os Templários exerceram na construção civil e religiosa e nas próprias corporações dos pedreiros do que a uma ligação direta entre Ordem do Templo e Ordem Maçônica. Não convém esquecer que boa parte dos rituais, ritos escocês e francês, com sua complexa emblemática, foi "inventada" no século XVIII nas cortes e salões aristocráticos da Alemanha, França e Inglaterra.

As corporações dos pedreiros, como muitas outras, podiam aceitar no seu seio determinadas pessoas que, em rigor, lhes estariam à margem. Era o caso de estrangeiros, de clérigos, de agregados à profissão, de personalidades desejosas de se integrarem ou de utilidade à corporação. Já desde o século XV, por exemplo, que as corporações maçônicas escocesas tinham impetrado do rei o privilégio de terem à sua frente, como "grande mestre", um nobre de boa linhagem, hereditário:. No século XVII, muitas lojas de pedreiros britânicas foram reorganizadas segundo o modelo das academias italianas. Estes maçons aceites tornaram-se, com o andar dos tempos, tão numerosos que imprimiram à corporação de que faziam parte um fácies completamente diverso do anterior. Nas corporações onde tal começou a acontecer, o elemento operativo foi cedendo o lugar ao elemento especulativo.

Uma transformação deste tipo levou centenas de anos a completar-se. E só na Grã-Bretanha, onde a tradição corporativa - como tantas outras tradições - se manteve sem desfalecimento até ao século XVIII, foi possível às antigas lojas de pedreiros operativos converterem-se, por completo, em lojas de pedreiros especulativos, mantendo, não obstante, o prestígio e o relevo social do passado. Só na Grã-Bretanha também, se conservaram o simbolismo e o ritual de tempos remotos, enriquecidos - e, não poucas vezes, deturpados - pela continuidade secular da sua prática.

ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\
GOB/GOSP - R\E\A\A\



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