Roberto de Jesus Sant'Anna

domingo, 14 de setembro de 2014

DEVERES MAÇÔNICOS

Introdução
Em 1986 ao visitar a A.·.R.·L·.S.·. Francesco Guardabassi, no Oriente de Perugia-It conheci o Ir.·. Augusto Megni que, na época, exercia o cargo de "Sovrano Gran Commendatore del Supremo Consiglio d’Italia del Rito scozzese Antico ed Accettato", pessoa que, alem de grande cultura maçônica, um Ir\ simples e cordato. Nas conversas que tivemos mostrou-me um discurso que proferiu em uma solenidade daquela Loja. Posteriormente ao lê-lo notei sua profundidade e pertinência. Desde então senti uma grande vontade de trazer suas palavras para minha Loja e dividir suas posições e ensinamentos para com meus IIr\ no Brasil. Mas o tempo e minhas atribuições profissionais foram postergando tal disposição. Há algum tempo "viajando" pela internet deparei com um trabalho preparado pelo Ir\ Dario Veloso denominado "A sombra da Acácia" que, de volta me levou àquela disposição nascida em Perugia. Isto  porque este trabalho complementava de maneira muito interessante as palavras do Ir\ De Megni. Desta forma resolvi traduzir para o português e adaptar as palavras daquele discurso para a realidade da maçonaria no Brasil e acrescentar alguns conceitos e colocações do Ir\ Dario neste trabalho. Assim reeditei os “Deveres Maçônicos” para as nossas realidades.
Nossos velhos estatutos definem “Pedreiro Livre” ou “Maçom” como o amigo fiel de sua Pátria e de todos os homens que, despojando-se, com sua Iniciação, de todas as distinções profanas e de tudo aquilo que o homem tem de vulgar, se ornamenta com o doce título de Irmão.
Outro preceito, dos mesmos Estatutos, ressalta que a Ordem dos Pedreiros Livres é indestrutível porque é forte; é forte porque é unida; é unida porque a Pátria dos Maçons é o Mundo; porque seus compatriotas são todos os homens virtuosos e porque seus princípios são a voz a Natureza.
A Maçonaria teve a sua origem quando o Homem se refugiou em si mesmo e descobriu o próprio estado existencial.
Um nascimento, uma vida e uma morte dedicados ao ensino da solicitude, é quando se sente impelido pela necessidade de uma fraternidade, de um legado mais vinculado e sacro do que aquele social de sangue e de interesse.
Uma fraternidade mais de alma do que de corpo, uma corrente que tem em uma extremidade o Grande Arquiteto do Universo, o Operário Invisível, e na outra o Homem com sua divindade interior, com a conseqüente consciência do dever de uma elevação própria e dos outros, sobretudo pautando a não prevaricar, porque ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de sobrepor-se ao Irmão.
As Normas que definem nossos deveres, que é a base orgânica da moderna Maçonaria, são reportadas da Constituição de Anderson. Os deveres pessoais dos Maçons são os seguintes:
- Aquele que aspira ser Maçom deve saber usar a própria virtude, evitando qualquer forma de intemperança e de excessos que o impeçam atender os louváveis deveres da Arte e também levá-lo a cometer ações quer possam macular a reputação de nossa antiga Irmandade.
- Ele deve ser diligente na sua profissão e fiel ao Mestre que o orienta.
- Deve trabalhar animado do senso de justiça e não deve comer a traição o pão de outrem, mas deve pagar honestamente o que come e bebe.
- As horas de ócio, que seu trabalho lhe concede, devem ser diligentemente dedicadas ao estudo da Arte e das Ciências para ficar mais bem preparada aos seus deveres para com Deus, a Pátria e a si mesmo.
- Ele deve a medida do possível, adquirir um espírito de paciência, mansidão, sacrifício e abnegação, para saber a dominar a si mesmo e a guiar a própria família com afeto, dignidade e prudência.
- Ao mesmo tempo deve saber reprimir qualquer disposição nociva aos seus semelhantes procurando promover entre eles o amor e a cooperação que sentem os membros de uma família.
 Ajudar os desventurados, dividir o nosso pão com os trabalhadores mais pobres, indicar o caminho certo aos viajantes perdidos são os deveres da nossa Arte que alem de refletir a sua nobreza  exprime a sua utilidade. Apesar de o Maçom jamais deixar de dar atenção aos seus semelhantes, quando é um seu Irmão que sofre ou é oprimido, ele deve, de maneira especial, abrir-lhe todo o seu coração com amor e paixão e ajudá-lo sem nenhum prejuízo, conforme a sua capacidade.
Os Pedreiros Livres e Aceitos sempre tem a obrigação de proteger da calunia um Irmão leal e verdadeiro, e não devem nutrir sentimentos injustos ou malignos ou criticar maldosamente um Irmão ou a seus atos. Nem devem permitir a divulgação de censuras injustas ou calunias contra um Irmão ausente ou que seus bens sofram danos; deverão defendê-lo, mantê-lo informado de qualquer perigo ou dano que o possa ameaçar e ajudar a evitá-los, porquanto o permitam a honra, a prudência e o resguardo da religião, da moralidade e do Estado; porem não devem ir alem.
É necessário também, para aquele que aspira a ser Maçom, aprender de abster-se de toda a maldade, maledicência ou calunia; de evitar o falar ofensivo, reprovável ou ímpio e possuir uma palavra de boa reputação.
Um Maçom deve aprender a obedecer aqueles que estão em Grau superior ao seu, porquanto possam parecer inferiores pelo aspecto ou pela condição social, pois, não tendo a Maçonaria privado ninguém de seus títulos e de suas honrarias, em Loja, é a excelência na virtude e no conhecimento da Arte que nos dá a verdadeira fonte de nobreza, de comando e de governo.
A virtude indispensável exigida ao Maçom é o segredo; essa é a guarda de sua segurança e a segurança de sua confiança. Tal é a importância dada ao segredo que este é pedido com forte promessa e, no entender dos Maçons, nenhum homem é julgado sábio se não tem força e habilidade mental suficiente para guardar, assim como seu mais sério afazer pessoal, aquele honesto segredo que lhe possam confiar. É, incontestavelmente, o sigilo, pedra de toque inestimável que dá com segurança o caráter do maçom. Não que o sigilo seja sempre necessário pela natureza dos assuntos tratados em Loja; mas, porque habitua o M\ a circunspeção, corrige a leviandade e a tagarelice.
            Pitágoras exigia dos postulantes longos mutismos, de anos por vezes. Era maneira de corrigir o pendor natural das palavras irrefletidas.
            Pensar com segurança, meditar com paciência, julgar com imparcialidade, agir com firmeza: são preciosas qualidades que todo maçom se esforçara em adquirir, infatigavelmente.
As recompensas não existem para o M\; trabalha por um grato e salutar dever consciente; não pede aplausos, não almeja agradecimentos. Suas ações generosas esquecem-as; não as proclama.         Mesmo, e principalmente, os atos de beneficência ficam entre o que dá e o que recebe.
            Sabe o M\ que ficará ignorado, pois é o bem, e  não a vaidade,  o móvel de suas ações.
            Guardar sigilo, e poupar ao indigente o rubor da esmola é merecer para a Ordem a confiança e as bênçãos das vitimas do infortúnio.
            O sigilo é também um degrau de honra
E alem disso o Maçom é um cidadão pacifico; não deve jamais tomar parte em complot ou conspiração contra a paz e o bem estar da Pátria, nem deve agir de forma indevida frente a Autoridade. Ele deve sempre aceitar de bom animo as ordens legalmente emanadas, sustentar em todas as ocasiões os interesses a comunidade e zelar para promover a fortuna da Pátria.
A Maçonaria é sempre florida em tempos de paz e sempre sofre danos em época de guerra, de revoluções e de perturbações: nossos sentimentos pacíficos e leais são a nossa maneira de responder sutilmente aos nossos adversários e de ter em alta honra a nossa Fraternidade.  Aos nossos Obreiros são legados os vínculos especiais de proclamar a paz,  cultivar a concórdia  e viver em harmonia e amor fraterno.
Os Maçons devem ser homens com moral:  bons maridos, bons genitores, bons filhos e bons vizinhos. Devem evitar qualquer excesso que possa trazer dano a si mesmo e a sua família.
Os nossos adversários desejam evidentemente ignorar que somos admitidos unicamente pelas qualidades e pelos merecimentos morais e que cada mundana distinção de status, de nacionalidade, de raça e de religião não tem para nós importância capital. Quando avaliamos um estranho, o que nós consideramos exclusivamente é o homem com suas intenções e seu intelecto.
Se alguém bate as portas de nosso Templo e conduz-se retamente na própria vida privada e publica, se é sensível aos males, às necessidades e aos sofrimentos de seu semelhante e, se tem sensatez e der provas de equanimidade ao julgar;  se amar a verdade e observa todos os deveres de um cidadão honesto e laborioso, nós o consideramos digno de participar de nossa Fraterna  União. A solidariedade e a fraternidade existem sempre que há compreensão de deveres.
Para a boa compreensão de deveres e necessário CARATER.
Porém, o escrúpulo nas iniciações impõe-se.
Não é o numero que faz a força; mas a QUALIDADE.
Poucos e bons tal é a divisa, quanto aos M \;   poucas e boas, quanto as Off \
            Ao contrario, a porta da Loja é rigorosamente fechada e barrada aos amorais, aos intrigantes de qualquer espécie e a quem especula das desventuras de outros.
Nós todos desenvolvemos e devemos desenvolver, agimos e devemos agir nos campos mais diversos, segundo as nossas capacidades, segundo as circunstancias e segundo os meios de que podemos dispor,  nas obras mais idôneas para tornar melhor a vida social.
O único cimento capaz de manter unidos por recíproca estima e amizade, homens bons e sábios, é o amor fraterno reforçado pela comunhão de um alto sentimento de dever e com a participação em um assíduo trabalho diligente, paciente e, freqüentemente, árduo e penoso.
Tais sentimentos levam-nos naturalmente a pratica da ajuda recíproca, pronta e eficaz, em tudo aquilo em que as leis morais consentem ao homem honesto.
É o amor fraterno que nasce da simpatia e da confiança que nutrimos uns pelos outros que assegura a permanência das mais altas virtudes sociais:

A HOSPITALIDADE SIMPLES E CORDIAL,

O CIVISMO ATIVO E DESINTERESSADO,

A BENEFICIENCIA ILUMINADA E PREVIDENTE,

A CONSTANCIA NO EXERCICIO DA NOSSA MISSÃO DE HOMENS LIVRES.

Dar sustentação moral e material aos infelizes é um sacrossanto dever que cabe a cada homem e para nós, que somos ligados por uma cadeia indissolúvel de fraterno afeto, é uma obrigação rigorosa.
É por isso que somos considerados, alem de consolar os aflitos, a dividir com simpatia as suas penas, ter compaixão das misérias dos outros, restabelecer a paz nas mentes perturbadas, ocupar-se incansavelmente a fazer o bem no sentido mais amplo da palavra a fim de eliminar, ou ao menos aliviar as causas da imperfeição da vida profana, porque a nossa Instituição foi exclusivamente criada para servir a toda a Pátria e ao gênero humano.
Como conseqüência cada Irmão, no campo de sua própria e normal atividade, deve colocar em pratica todos os ensinamentos a que foi convidado a meditar no dia de sua Iniciação.
E não é suficiente, porque as nossas ações devem ser desenvolvidas na pesquisa da verdade, através do estudo e da aplicação pratica em cada campo da cultura,  da ciência,  da filosofia,  da disciplina econômica,  jurídica e social,  da literatura e das artes,  afim de que todos os trabalhos, todos os discursos, todas as experiências, todas as invenções e todas as descobertas de laboratório sejam de valor e concreto auxilio a elevação espiritual e moral e para o bem da Humanidade, para a prosperidade da Pátria e para a defesa e garantia da dignidade e da liberdade.
Quem sabe compreenderemos: o bom Maçom é fator de progresso da terra onde habita, é fator de progresso humano; assim, deve saber sacrificar-se a bem da coletividade: Não se pertence; é obreiro da humanidade.
Quando as forças se esgotarem no labor insano; quando esmagados pela fatalidade, vencidos pelos anos, já não podermos sopesar o montante ou sustentar a trolha: devemos dizê-lo com franqueza em L\, restituindo aos IIr\ as Armas e Instrumentos que recebemos puros e entregaremos sem nodoas.
Então, o Mestre nos dará o amplexo que conforta; e partiremos contentes e satisfeitos, a consciência tranqüila, volvendo ao lar e aos carinhos da família e dos amigos e levando na alma o jubilo do dever cumprido.
No lar, na paz confortável, a conduta continuará a mesma que, nem nos umbrais da Morte, deveremos abdicar das convicções conscientes que a Iniciação nos proporcionou: da Justiça, da Razão, da Verdade e do Bem.    

M\ I\ Laudinor De Vuono
A\ R\ L\ S\ L’Aquila Romana
Or\ São Paulo - 03/04/2004
COMPILADO POR ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\
GOB/GOSP - R\E\A\A\

Bibliografia
de Megni, Augusto: Discurso proferido na Risp\L\Francesco Guardabassi 

Or\di Perugia - It . 1976  - Veloso, Dario: A Sombra da Acácia Or\. 

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