Independência, revolução e Maçons.
No ano de 1821, funcionava no Rio de
Janeiro, a Loja Maçônica Comércio e Artes, da qual eram membros vários homens
ilustres ligados à corte, como o Cônego Januário da Cunha Barbosa, Joaquim
Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira entre outros.
É importante ressaltar que na
metrópole, nas lojas “Comércio e Artes”, “Esperança de Niterói” e “União e
Tranquilidade”, nenhuma pessoa era iniciada, sem que fossem conhecidas suas
opiniões sobre a Independência do Brasil. Ademais, todo neófito jurava não só
defendê-la como também promovê-la.
José Castellani afirma:
“A obra máxima da Maçonaria brasileira
e a única de que ela participou de fato, como Instituição, foi a Independência
do Brasil, em 1822 no mesmo ano em que os Maçons brasileiros criavam a primeira
Obediência nacional, o Grande Oriente Brasílico, ou Brasiliano, que
posteriormente viria a ser o Grande Oriente do Brasil”.
É claro que caracteriza a ação maçônica
nacional e sua afirmação não é excludente em identificar uma ação regionalizada
desenvolvida por Maçons gaúchos e outros até de outra nacionalidade no episódio
históricos conhecido como “Revolução Farroupilha”.
Quanto ao episódio da independência, há
que compreender que a independência política do país não foi obra exclusiva dos
Maçons, já que D. João VI ao elevar o Brasil à categoria de Reino Unido ao de
Portugal e Algarves em 1815, separou de fato o Brasil de Portugal dando o
primeiro e decisivo passo para a sua independência. Em 1821, extinguiu o
reinado do Brasil e determinou o regresso de D. Pedro com toda a família real
para Portugal.
A estreita comunicação entre D. Pedro e
D. João VI, em cartas, demonstra que os fatos que transcorriam eram do
conhecimento e concordância de D. João VI.
Iniciação de Dom Pedro
A iniciação de D. Pedro contribuiu
fortemente para o processo de emancipação brasileira e isto interessava à
Maçonaria como também interessava a D. Pedro estar apoiado pelos Maçons, já que
formavam à época uma forte corrente política.
Após terem obtido a adesão dos irmãos
de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, aqueles maçons resolveram fazer um apelo a
D. Pedro para que permanecesse no Brasil e que culminou, como se sabe, com a
celebre:
“como é para o bem de todos e
felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”.
Entretanto, não parou ai os trabalhos
dos maçons. Teve início, logo em seguida, um movimento coordenado entre os
irmãos de outras províncias brasileiras objetivando promover a Independência do
Brasil.
Em 09 de janeiro de 1822, o conhecido
episódio do “Fico” teve a inspiração e liderança dos Maçons José Joaquim da
Rocha e José Clemente Pereira. “O Príncipe Regente recebeu três documentos
feitos sob inspiração e liderança maçônica rogando por sua permanência no
Brasil em descumprimento dos Decretos nº 124 e 125 das Cortes Portuguesas.
O documento paulista foi redigido por
José Bonifácio de Andrada e Silva, o documento dos fluminenses foi redigido
pelo Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, orador da Loja “Comércio
e Artes” e o documento dos mineiros foi liderado por Pedro Dias Paes Leme. No
Convento “da Ajuda, na cela do Frei Sampaio reuniam-se os líderes do
movimento”.
Este fato pitoresco de Maçons, de
reunirem-se em segredo num Convento tem conotação com as reuniões que hoje são
realizadas nas Lojas Maçônicas, guardadas as devidas proporções.
Decidida a questão do “Fico”,
acentua-se o processo de discussão e sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo
a Maçonaria decide, por proposta do brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz
Barreto, outorgar a D. Pedro o título de “Defensor Perpétuo do Brasil”.
Tão logo foi fundado o Grande Oriente
Brasílico José Bonifácio de Andrada e Silva foi escolhido como Grão Mestre e
Joaquim Gonçalves Ledo como Primeiro Grande Vigilante. Havia, no entanto uma
luta ideológica entre os Grupos de Bonifácio e de Ledo.
ATA DA INICIAÇÃO DE DOM PEDRO I
D. Pedro foi iniciado na Loja “Comércio e Artes” no
dia 02 de agosto de 1822 adotando o nome histórico de Guatimozin. No dia 05 de
agosto, ou seja, três dias depois se tornava Mestre Maçon.
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