Roberto de Jesus Sant'Anna

quinta-feira, 3 de julho de 2014

INDEPENDÊNCIA REVOLUÇÃO E MAÇONS

Independência, revolução e Maçons.
No ano de 1821, funcionava no Rio de Janeiro, a Loja Maçônica Comércio e Artes, da qual eram membros vários homens ilustres ligados à corte, como o Cônego Januário da Cunha Barbosa, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira entre outros.
É importante ressaltar que na metrópole, nas lojas “Comércio e Artes”, “Esperança de Niterói” e “União e Tranquilidade”, nenhuma pessoa era iniciada, sem que fossem conhecidas suas opiniões sobre a Independência do Brasil. Ademais, todo neófito jurava não só defendê-la como também promovê-la.
José Castellani afirma:
“A obra máxima da Maçonaria brasileira e a única de que ela participou de fato, como Instituição, foi a Independência do Brasil, em 1822 no mesmo ano em que os Maçons brasileiros criavam a primeira Obediência nacional, o Grande Oriente Brasílico, ou Brasiliano, que posteriormente viria a ser o Grande Oriente do Brasil”.
É claro que caracteriza a ação maçônica nacional e sua afirmação não é excludente em identificar uma ação regionalizada desenvolvida por Maçons gaúchos e outros até de outra nacionalidade no episódio históricos conhecido como “Revolução Farroupilha”.
Quanto ao episódio da independência, há que compreender que a independência política do país não foi obra exclusiva dos Maçons, já que D. João VI ao elevar o Brasil à categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves em 1815, separou de fato o Brasil de Portugal dando o primeiro e decisivo passo para a sua independência. Em 1821, extinguiu o reinado do Brasil e determinou o regresso de D. Pedro com toda a família real para Portugal.
A estreita comunicação entre D. Pedro e D. João VI, em cartas, demonstra que os fatos que transcorriam eram do conhecimento e concordância de D. João VI.
Iniciação de Dom Pedro
A iniciação de D. Pedro contribuiu fortemente para o processo de emancipação brasileira e isto interessava à Maçonaria como também interessava a D. Pedro estar apoiado pelos Maçons, já que formavam à época uma forte corrente política.
Após terem obtido a adesão dos irmãos de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, aqueles maçons resolveram fazer um apelo a D. Pedro para que permanecesse no Brasil e que culminou, como se sabe, com a celebre:
“como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”.
Entretanto, não parou ai os trabalhos dos maçons. Teve início, logo em seguida, um movimento coordenado entre os irmãos de outras províncias brasileiras objetivando promover a Independência do Brasil.
Em 09 de janeiro de 1822, o conhecido episódio do “Fico” teve a inspiração e liderança dos Maçons José Joaquim da Rocha e José Clemente Pereira. “O Príncipe Regente recebeu três documentos feitos sob inspiração e liderança maçônica rogando por sua permanência no Brasil em descumprimento dos Decretos nº 124 e 125 das Cortes Portuguesas.
O documento paulista foi redigido por José Bonifácio de Andrada e Silva, o documento dos fluminenses foi redigido pelo Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, orador da Loja “Comércio e Artes” e o documento dos mineiros foi liderado por Pedro Dias Paes Leme. No Convento “da Ajuda, na cela do Frei Sampaio reuniam-se os líderes do movimento”.
Este fato pitoresco de Maçons, de reunirem-se em segredo num Convento tem conotação com as reuniões que hoje são realizadas nas Lojas Maçônicas, guardadas as devidas proporções.
Decidida a questão do “Fico”, acentua-se o processo de discussão e sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo a Maçonaria decide, por proposta do brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, outorgar a D. Pedro o título de “Defensor Perpétuo do Brasil”.
Tão logo foi fundado o Grande Oriente Brasílico José Bonifácio de Andrada e Silva foi escolhido como Grão Mestre e Joaquim Gonçalves Ledo como Primeiro Grande Vigilante. Havia, no entanto uma luta ideológica entre os Grupos de Bonifácio e de Ledo.
ATA DA INICIAÇÃO DE DOM PEDRO I

D. Pedro foi iniciado na Loja “Comércio e Artes” no dia 02 de agosto de 1822 adotando o nome histórico de Guatimozin. No dia 05 de agosto, ou seja, três dias depois se tornava Mestre Maçon.

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