Roberto de Jesus Sant'Anna

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A ÁGUIA ROMANA - GRAU 1

A "Águia de Duas Cabeças de Lagash" é o mais antigo brasão do Mundo:. Nenhum outro símbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade:. A sua origem remonta à antiquíssima Cidade de Lagash. Era já utilizado há cerca de mil anos antes do Êxodo do Egito, e há mais de dois mil anos quando foi construído o Templo do Rei Salomão.

Com o passar dos tempos, passou dos Sumérios para o povo de Akkad, destes para os Hititas, dos recônditos da Ásia menor para a posse de sultões, até ser trazida pelos Cruzados aos imperadores do Oriente e Ocidente, cujos sucessores foram os Hapsburg e os Romanoff.

Em escavações recentes, este «brasão» da Cidade de Lagash foi descoberto numa outra forma: uma águia com cabeça de leão, cujas garras se cravam nos corpos de dois leões, estes de costas voltadas:. Esta é, sem dúvida, uma variante do símbolo da Águia.

A Cidade de Lagash situava-se na Suméria, no sul da Babilônia, entre os rios Eufrates e Tigre, sendo perto da atual cidade de Shatra, no Iraque:. Lagash possuía um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e medidas, um sistema de banca e contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, para além de centro de poderes político e militar, tudo isto cinco mil anos antes de Cristo.

No ano 102 a.C., o cônsul romano Marius decretou que a Águia seria um símbolo da Roma Imperial:. Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a Águia de Duas Cabeças, uma voltada a Este e outra a Oeste, como símbolo da unidade do Império. Os imperadores do Império Romano Cristianizado continuaram a sua utilização e foi depois adotado na Alemanha durante o período de conquista e poder imperial.

Tanto quanto sabemos, a Águia de Duas Cabeças foi primeiramente utilizada na Maçonaria em 1758, por uma facção maçônica de Paris - Os Imperadores do Oriente e Ocidente. Durante um breve período, os Imperadores Maçônicos do Oriente e Ocidente controlou os Graus avançados então em uso, vindo a ser percussores do Rito Escocês Antigo e Aceite.

A inscrição em Latim por debaixo da Águia de Duas Cabeças - "Spes Mea in Deo Est" - significa: "A Minha Esperança Está Em Deus".

  
ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\

GOB/GOSP - R\E\A\A\

O QUE É SER LIVRE E DE BONS COSTUMES - GRAU 1

O Que é Ser Livre e de Bons Costumes?
No dia de nossa iniciação, ainda vendados, ouvimos inúmeras expressões maçônicas, que se encontram gravadas até hoje em nossas memórias, algumas ainda sem significado.
Durante as três viagens, conduzidos aos pedestais dos Irmãos Segundo e Primeiro Vigilantes, e ao trono do Venerável Mestre, sentimos que nos encostaram algum objeto ao peito e, a seguir, ouvimos o seguinte diálogo:
- Quem vem lá?
- É um candidato que deseja ser recebido maçom.
- E como pôde ele conceber tal esperança?
- Porque é livre e de bons costumes!
Pois bem, o presente trabalho explorará o conteúdo desses dois dos requisitos básicos que os candidatos deverão satisfazer à admissão na ordem maçônica, quais sejam, ser livre e de bons costumes.
Como veremos esses dois preceitos básicos encerram significados semelhantes, mas não igual, para a Maçonaria e para o mundo profano.
Os "Maçons Livres" surgiram a partir de uma espécie de sindicato de pedreiros na Inglaterra, durante a idade média.
Naquela época, o sistema feudal imperava em toda a Europa, o que fazia com que os camponeses vivessem presos a terra, onde a circulação era vedada, exceto em casos de salvo conduto ou pagamento de taxas.
Os chamados “Maçons Livres” se reuniam em grandes grupos para trabalhar em projetos importantes e, uma vez concluídos aqueles projetos, mudava-se de local para assumir novos projetos.
Eles se reuniam em um edifício erguido no canteiro de obras, onde se alimentavam e repousavam. Esse edifício era denominado “Lodge”, que com o tempo passou a significar “Loja”, ou seja, grupo de pedreiros estabelecidos em um determinado local. As pessoas admitidas como membros deveriam ser homens de bem, leais, nascidos livres, de idade madura, nem escravos, nem mulheres, nem homem sem moralidade ou de conduta escandalosa, mas de boa reputação.
Importante notar, que àquela época a liberdade professada era física, consistente no direito de ir e vir. Com o passar dos anos, foram nascendo os estados de direito, que passaram a garantir a liberdade física das pessoas.
Podemos dizer que a “liberdade” necessária para admissão e ingresso na Ordem Maçônica, tem outro significado, que não apenas a liberdade física.
Livre é uma palavra derivada do latim, Liberu, em sentido amplo quer significar tudo que se mostra isento de qualquer condição, subordinação ou dependência.
A consequência de ser livre é a liberdade, que é a faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, ou pensar como se entende, é aberto, isento desimpedido. Livre significava agir de acordo com a própria vontade, não agir sob compulsão, ser autônomo, independente, tolerante, não se submeter à orientação de outrem, ser aberto ao exame de todas as idéias e à discussão franca com todos os indivíduos.
Para a Maçonaria, goza de liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, vícios, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de animal humano.
Com efeito, maçom livre é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios, propensões para o mal e, aproximar-se cada vez mais da perfeição e prática do bem. Não é livre o homem, ou seja, não desfruta daquilo que para os maçons é visto como verdadeira liberdade, aquele que está preso aos vícios, existentes na vida profana.
A expressão bons costumes, também derivada do latim, é usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, as quais traçam as normas de conduta dos indivíduos em suas relações.
A ideia dos bons costumes não se afasta do sentido moral, pois os princípios que o regulam são fundados nela. Os bons costumes são o corolário das boas escolas. Por essa razão, as associações, principalmente as iniciáticas, o abraçam. Dentre outros fulgurantes propósitos que os bons costumes apresentam, destaca-se a sua aliança com a virtude. Dessa providência ideal, não se torna difícil à aferição dos bons costumes, para classificar as criaturas.
A tradição maçônica não é de intocáveis “usos e costumes”, mas de um profundo conteúdo moral e filosófico, cujos princípios devem permanecer intactos.
Aquele que é livre e de bons costumes é leal. Quem não é leal com os outros, deixa de ser leal consigo mesmo, traindo o compromisso sagrado que é a fraternidade, base fundamental da maçonaria. Não se deixa abater, não se revolta com as derrotas, uma vez que o fato de vencer ou perder são, antes de tudo, contingências normais da vida humana, a ponto de ser nobre na vitória e sereno, caso venha a ser vencido, é triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, à prática do bem vem alienada com o amparo do próximo, no sentimento de suas dores que nos aperfeiçoa.
O bom maçom, livre e de bons costumes, rejeita toda forma de vício, pois isto é contrário à virtude. é amigo da família, em virtude desta ser a base fundamental da humanidade. Quem não exerce bem a função de chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, ele não humilha aqueles que são fracos, inferiores, sabe que se trata de covardia, e que a Maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente todos os demais objetivando não trair os seus juramentos.
Aquele que é verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não enxerga no auxílio ao semelhante como mero ato excepcional, mas regra por ser dever de solidariedade humana, sua prática constitui prazer. Não faz promessas que não poderá cumprir, porque lhe trará inimizades.
Sendo assim, o verdadeiro maçom não investe contra a reputação de outro, isto consistiria em trair os sentimentos de fraternidade. Não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom almeja cultivar.
Por fim, é necessário ressaltar que os dois conceitos estão intimamente ligados, pois é necessário ser livre e inteligente, para que se possam aplicar os bons costumes.
O ideal do homem livre e de bons costumes demonstra que a finalidade da maçonaria é dedicar-se ao aperfeiçoamento espiritual e moral da humanidade, pugnando pelos direitos dos homens, justiça e amor fraterno.
Bibliografia
Constituição do Grande Oriente do Brasil.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 1º ed., Rio de Janeiro, 2001.
Revista 7º Milênio, Verão/2002, ano I nº 4.
Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, 2003.
COMPILADO POR ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\

GOB/GOSP - R\E\A\A\

O QUE É PROFANO - GRAU 1

Profano é tudo que transgride as regras sagradasÉ o que se torna contrário ao respeito devido às coisas divinas.
Gramaticalmente, profano é um adjetivo que qualifica o que é estranho à religião. Do latim “profanu”.
Ser profano é violar as regras sagradas, é fazer uso abusivo de práticas impuras, indignas.
No sentido figurado, profano é aquele indivíduo que é alheio ou estranho às ideias e conhecimentos sobre determinado assunto, é um leigo.
Ser contrário aos profanos é ser sagrado ou sacro, ou seja, é respeitar os ritos ou os cultos religiosos.
A Bíblia cita a palavra profano em diversos capítulos. O livro do profeta Ezequiel traz algumas orientações direcionadas aos sacerdotes daquela época. “Deverão ensinar o meu povo a distinguir entre sagrado e profano, e farão que ele conheça a diferença entre puro e impuro”. (Ezequiel 44:23).
ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'.M.'.
GOB/GOSP - R.'.E.'.A.'.A.'.



5 MOTIVOS PARA NÃO SER MAÇOM - GRAU 1

1) Influência Política – Poder
Ao contrário do que muitos pensam a Maçonaria Universal, pelo menos a Maçonaria Regular, não detém mais influência no Poder Político, como ocorreu no passado, do que qualquer outra instituição social, a exemplo das igrejas praticantes dos mais variados credos religiosos, sindicatos classistas, movimento dos “sem-terra” e outros do gênero, porque a Maçonaria nada tem a ver com política partidária, nem com os políticos inescrupulosos que infestam a sociedade, nos dias de hoje. A única influência que a Maçonaria pode exercer, nesse sentido, quando age e pensa como Maçonaria, é apenas a influência de ordem moral, pelo exemplo efetivo dos seus membros, por meio da aplicação dos seus princípios fundamentais, apregoados ao longo dos séculos. Engana-se, pois, quem pensa que, ao agregar-se à Maçonaria, através dela, pelo respeito que ela ainda inspira, terá livre acesso aos corredores do Poder.
Aliás, uma das coisas que o maçom logo observará, quando fizer uso do bom senso e da sabedoria Maçônica, é que esse famigerado Poder é mais ilusório do que real, além de efêmero e corruptor dos bons costumes, com o esclarecimento adicional de que, num ambiente democrático qualquer, conscientemente, deverá ficar bem claro que o Poder só conferirá autoridade àquele que os demais indivíduos membros admitirem reconhecer e permitir. Em Loja Maçônica Regular, entretanto, o detentor do Poder e condutor das decisões, em razão da autoridade conferida pelos seus membros ativos, é o Venerável Mestre, com a observação oportuna, de que todos os Mestres que sentam na Cadeira do Rei Salomão, paradoxalmente, não possuem mais direitos do que o Aprendiz mais recente, mas têm, em contrapartida, mais responsabilidades e deveres de que todos os demais Mestres.
Ante o exposto, conclui-se, então, que quem busca o perfume do Poder, sem a busca, em primeiro plano, do fiel cumprimento dos seus deveres Maçônicos, inclusive sem a consciência de quais sejam as suas responsabilidades, como “parcela ativa” da sociedade, esse certamente não encontrará apoio e guarida na Maçonaria, porque na Maçonaria, ao contrário do que ocorre no mundo profano, a maior autoridade tem o nome de humildade e é reconhecida como aquela que serve, que transpira fraternidade, age com honestidade e fomenta a harmonia.
2) Influência econômica – Negócios e Dinheiro
Quem pensar que o ingresso na Maçonaria possa representar uma “porta aberta”, para se obter contato com as pessoas economicamente influentes, realizar bons negócios e, desse modo, propiciar condições para “subir na vida”, pense outra vez, pense melhor até, pois se esse for mesmo o seu propósito, poupe-se ao trabalho e às despesas consequentes, porque dentro da Maçonaria jamais conseguirá fazer negócios diferentes daqueles que faria, estando fora dela. O que todos lhe pedirão, aqui na Maçonaria é que dê algo de si, continuadamente, em prol dos seus semelhantes, sem mesmo cogitar em retorno algum de ordem material e benefícios de ordem pessoal, de qualquer natureza, porque todos os negócios praticados na Maçonaria, estão sempre relacionados com a elevação moral e espiritual dos seus membros, através da busca incessante pela sublimação do espírito sobre a matéria e engajamento efetivo dos seus obreiros, no projeto de se construir um mundo social melhor, mais fraterno e mais justo.
3) Influência social – Honrarias e Reconhecimento
Na Maçonaria Regular, como se sabe, todos os seus membros ativos usam aventais, colares, joias, emblemas e comendas diversas, mas o verdadeiro maçom considera todos esses utensílios, uns como vestimentas úteis e necessárias à prática da ritualística Maçônica, outros como meros adereços pessoais, sem qualquer significação simbólica ou esotérica, com a observação oportuna, inclusive, a bem da verdade, que o único avental que todos os maçons podem usar, independentemente do seu grau e qualidade, no âmbito da Maçonaria simbólica, é o avental do Aprendiz Maçom, com a sua simbologia única, cuja brancura e pureza devem ser preservadas, nunca conspurcadas pela prática de ações censuráveis, ilícitas ou indignas, de qualquer natureza. As diferenças entre o avental mais rico, o avental bordado e o mais colorido deles, se comparado com o avental branco utilizado pelo Aprendiz Maçom, são só os preços cobrados pelos seus fabricantes, porque todos eles são igualmente importantes e indispensáveis, de uso obrigatório, em todas as solenidades ritualísticas.
Por outro lado, um maçom regular não deve ser diferente do outro, no cumprimento dos seus deveres Maçônicos, tampouco deve utilizar a autoridade de que é detentor, para usufruir de privilégios especiais, que não sejam os de reconhecimento fraterno e de respeito à autoridade conferida pelo seu cargo, sem a reprovável prática de culto à sua profissão, distinção econômica ou posição cultural, exceto nas múltiplas relações iniciadas ainda no mundo profano, porque o tratamento a ser dispensado, nessas ocasiões, será mesmo o apropriado à sua autoridade profana, mesmo quando se tratar de maçom. Ser reconhecido simplesmente como “Irmão maçom”, em todos os casos, enfim, é a maior honraria recebida pelo obreiro, independentemente do seu status social, profissional ou cargo Maçônico que ocupe na instituição.
4) Beneficência – Ajuda ao Próximo
O maçom bem intencionado, que, porventura procure no seio da Maçonaria, que insista na procura de um instrumento ou de uma maneira de, como dar vazão ao seu desejo impulsivo de ajudar ao próximo através de movimentos eminentemente beneficentes e, se for essa a única e principal razão que o move em direção da Maçonaria, esse maçom também está muito enganado. Não que a Solidariedade e a Beneficência não sejam privilegiadas pela Maçonaria. Claro que o são. Mas não é essa a razão de existência da Maçonaria, porque a Solidariedade e a Beneficência Maçônica, é um subproduto consequente de um trabalho organizado e comprometido com o bem-estar da humanidade, nunca a causa principal da sua existência, sob pena de se ver prejudicada a sua finalidade primordial. Portanto, se são a Solidariedade e a Beneficência que atraem o bem intencionado e nada mais do que isso, seja maçom ou não, o melhor que ele pode fazer é desenvolver esse trabalho meritório em organizações beneficentes vocacionadas, como Lions, Rotary, Associações etc. e mesmo sem se juntar a qualquer organização, certamente encontrará na sua rua ou na sua localidade alguém que necessita da sua ajuda. E em sendo maçom no seu propósito de auxiliar sempre ao seu Irmão necessitado, em tudo aquilo que for necessário e justo, sem prejuízo seu, de seus familiares e de seu trabalho.
5) Curiosidade – Conhecer o “Segredo Maçônico”
Se a curiosidade, estimado irmão, tem sido o combustível que tem alimentado o seu desejo de continuar maçom, em detrimento da busca permanente pela sua elevação moral e espiritual, por meio do aperfeiçoamento dos costumes e prática constante da verdadeira fraternidade, como tem ensinado a Sublime Instituição, então não se iluda mais, mude de atitude logo, porque enquanto pensar desse modo, será um obreiro fadado ao insucesso e à indiferença, essa doença insidiosa e letal, que tem atacado as nossas colunas e ceifado a muitos, sem esquecer de que, distante desse espírito maléfico de curiosidade que o envolveu, somente o trabalho, a persistência, a determinação e o querer converter-se em legítimo construtor social, aliado ao respeito pelas nossas tradições, autoridades legalmente constituídas e sistema normativo em uso, somente nessa condição, o Irmão poderá incorporar o modelo de maçom vitorioso e de obreiro que sabe praticar, eficazmente, a verdadeira Maçonaria.
Portanto, caro curioso, se é a curiosidade que o move a ser maçom, esqueça! Há outros meios de o satisfazer! E, afinal, se o que pretende é apenas conhecer como pensam, o que fazem e de que tratam os maçons, nem sequer precisam se incomodar muito: basta-lhe entrar na Internet e continuar lendo os diversos e inumeráveis sites Maçônicos.

ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'.M.'.
GOSP/GOB - R.'.E.'.A.'.A.'.

sábado, 15 de novembro de 2014

O TEMPLO DE SALOMÃO - GRAU 3

O Templo de Salomão ocupa posição de destaque na Simbólica Maçônica (o Conjunto de Símbolos da Maçonaria ou a disciplina que estuda esses símbolos). Pois bem, uma das mais marcantes fontes de símbolos, alegorias, lendas, ensinamentos maçônicos, é, inequivocamente, a construção do Templo de Salomão. Inclui-se nas mais antigas tradições dos operários da idade média e, até com alguns excessos, ainda integra os mais poéticos temas dos maçons especulativos deste final de século XX. Dela se extraem as mais diversas mensagens tanto na vertente anglo-saxônica (o mundo cultural britânico) como na vertente latina (o mundo cultural francês) em diversos Ritos e Graus.
Sim, a didática maçônica utiliza intensamente símbolos, alegorias, lendas e mitos. Um dos defeitos desse método é a confusão (muito comum, diga-se de passagem) que alguns fazemos entre história e lendas - um incrível emaranhado de idéias e opiniões conduzindo-nos, às vezes, a desvios indesejáveis. Na realidade dever-se-ia distinguir o que se constitui em concreto elemento histórico do que é meramente lendário, havendo um segundo nível de distinções necessárias, onde separam-se lendas com algum fundamento histórico ou literário (a história bíblica, por exemplo) dos mitos totalmente imaginários, decorrentes de uma cadeia de invenções ditas esotéricas, sem fundamento algum, que acabam por se transformar em verdades. Isso não é bom. O uso de símbolos (já em si exigindo imaginação) não pode conduzir à superstição ou à idolatria, desvios que, de modo especial, nossa sublime ordem condena (como, enfim, condena a todos os vícios).
A Tradição Maçônica
Quanto ao Templo de Salomão veja que o próprio James Anderson afirmaria no Livro da Constituição (1723) que “os israelitas ao deixarem o Egito, formaram um Reino de Maçons”; que “sob a chefia de seu Grão-Mestre Moisés (…) reuniam-se frequentemente em loja regular, enquanto estavam no deserto”, etc. . Vale a pena (e a curiosidade) ler essas páginas da história lendária de nossa sublime ordem contada por Anderson (fls. 8 a 15) que podem ser encontradas in reprodução das constituições dos franco-maçons ou constituições de Anderson de 1723, em inglês e português (Trad. e Introd. de João Nery Guimarães, Ed. Fraternidade S. Paulo, 1982). De fato, realmente, Anderson apenas repetia velhas lições transmitidas por antigos documentos de maçons operários, reunidos para seu exame e síntese. As obrigações eram lidas na cerimônia de ingresso de um Aprendiz na Loja Medieval (algo análogo à Iniciação de nossos dias), para que o novo membro aprendesse a história da arte de construir e da associação que o recebia. Inteirava-se das regras de bom comportamento e das exigências morais a que deveria se conformar. Outrossim, de alguma forma, esses antigos documentos serviam com finalidade análoga a das nossas atuais cartas constitutivas, emprestando regularidade à Loja. O leitor interessado encontrará detalhes e documentação em O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica, Alex Horne (Trad. Otávio M. Cajado, Pref. de Harry Carr; Ed. Pensamento, S. Paulo, 9a. Ed.,1997, Cap. V., P. 59 e segs.).
Os antigos catecismos maçônicos (séries estereotipadas de perguntas e respostas) do Século XVIII também se refeririam com frequência à construção do Templo de Salomão que, inequivocamente, integra tradições anteriores à Grande Loja de Londres (1717). Se os manuscritos, manuseados por Anderson e seus companheiros, para escrever o Livro da Constituição de 1723, não são exatamente conhecidos, centenas de velhos outros pergaminhos sobreviveram, foram encontrados, guardados e interpretados, servindo de fonte das mais autênticas para a história da sublime ordem. E nesses antigos deveres (em muitos deles) já se falava na construção do Templo de Salomão pelos Maçons. Convém contudo, no concernente à historiografia, tratar tais documentos com certa reserva. Em sua origem foram escritos por religiosos medievais, devotados a deus sem dúvida nenhuma, mas despossuídos de crítica historiográfica. Presume-se que monges cristãos transmitiram essas lições a operários iletrados (nossos avós) e que tais documentos foram sendo copiados, recopilados, etc., mantendo a visão de uma época que muito desconhecia de história.

A Tradição Bíblica
O Templo de Salomão, outrossim, integra as narrativas do livro mais respeitável na sociedade ocidental - a Bíblia. Ao sair do Egito, conduzido por Moisés, o povo hebreu não possuía uma religião definida, muito menos um templo. Tão somente após o episódio no Monte Sinai - quando Moisés recebe de deus as normas fundamentais da lei bem como as instruções exatas quanto à construção da tenda sagrada (o Tabernáculo) - é que os hebreus passam a ter um local específico de culto, nessa tenda abrigando os objetos sagrados, a saber: a Arca da Aliança, a Mesa dos Pães Ázimos (ou sem fermento), o Candelabro de Sete Braços (Minorá). Haveria também um altar para queimar as ofertas sacrificais, outro para queimar incensos (perfumes) e uma pia de bronze (todos conhecem essa história). E enquanto o povo vagava pelo deserto, Deus orientava quando, onde e por quanto tempo estacionar. Os retirantes do Egito levantavam seu acampamento de um lugar ao outro somente quando a nuvem que cobria o Tabernáculo (indicando a presença do Eterno) se erguia e indicava o caminho a ser seguido. Durante o dia, a nuvem; a noite, uma coluna de fogo (veja em Êxodo, 40.34-38; ou em números, 9.15-23). E foram quarenta anos.
Antes de Jerusalém ser transformada por David na capital do reino, ainda no tempo de Samuel (um sacerdote, juiz, profeta, mediador, chefe de guerreiros - Deus, falando a Jeremias, equipararia Samuel a Moisés - Jer. 15.1) - a Arca ficou guardada em um templo, em Silo, sob os cuidados da Família de Eli, também sacerdote. Em Silo, Josué (que sucedera a Moisés) acampara o povo pela última vez (Josué, 18.1 e Sgs.). Esse pequeno templo de Silo foi, presumidamente, destruído pelos filisteus (Jer. 7.11-12: “será que vocês pensam que o meu templo é um esconderijo de ladrões? Vão a Silo, o primeiro lugar que escolhi para nele ser adorado, e vejam o que fiz ali por causa da maldade de Israel.” assim falou O Eterno.). Outrossim houve também o Templo de Betel, às margens da estrada que ligava Siquém a Jerusalém - Betel, tão ao gosto dos maçons, mas sede de um culto desviado, esse é o fato. Em Betel seria adorado um deus de mesmo nome, que causaria desilusões aos israelitas (Jeremias, 48.13). Esse templo, rejeitado pelos profetas (Amós, 10.13), ficou sendo o Santuário do Reino do Norte, nele havendo a imagem idólatra de um touro (1 Reis, 12.29). Sim, Betel - embora suscite a lembrança do altar construído por Abraão (Gen. 12.8), o sonho de Jacó com sua Escada (tão ao gosto maçônico) e a pedra comemorativa que ali foi erguida (Gen. 28.10-22) - tem essa parte negativa de idolatria também. Pois é.
David, já consagrado rei, levaria a Arca da Aliança para Jerusalém (1 Crônicas15.25-28). Tão alegre e festivo esteve David nesse cortejo (cantando e dançando com o povo), que Mical, sua esposa, filha de Saul, sentiu desprezo por ele (1. Cron., 15.29). Contudo o Tabernáculo e o Altar dos Sacrifícios continuariam em Gabaon, posto que David caíra em desgraça aos olhos de Deus. Derramara sangue em abundância, fizera guerras em demasia e, por isso mesmo não poderia edificar em nome de Deus (ver I Cron. 22.6-19). Somente Salomão teria a glória de construir o templo - o primeiro de Jerusalém, posto a ocorrência de mais dois templos: o construído por Zorobabel, após o exílio na Babilônia, e o construído por Herodes (todos conhecem essa história).
Fontes Extrabíblicas
Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, se ter certezas quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registros extrabíblicos. As escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma comprovação válida da existência dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou ao fato de insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do templo. Esse lugar (santificado por diversas linhas religiosas) seria o hoje ocupado pela belíssima e muito sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) - onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao céu (portanto mais do que justificado o impedimento maometano em permitir escavações naquele local santificado). Contudo, causando decepção, não são encontrados, também, registros arqueológicos (monumentos comemorativos) da vitória de Nabucodonosor, como, por exemplo, podem ser encontrados registros do triunfo romano de Tito, seiscentos anos após, destruindo o templo construído por Herodes (a terceira construção na série histórica).
Fala-se no célebre “Muro das Lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do templo. Contudo as determinações científicas de datas ali procedidas dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo, destruído pelos romanos.
Contudo Salomão foi efetivamente um grande construtor. Sua época - historicamente considerada, arqueologicamente comprovada - foi de grande prosperidade. Um dos registros arqueológicos mais significativos dessa época, é o da cidade de Megido, um complexo notável, cavalariças com seus pilares em série, talhados em pedra calcárIa. Há, outrossim, ainda do tempo de Salomão, restos arqueológicos da fundição-refinaria de cobre em Ezion-Geber, produtora da matéria-prima que serviria de ornamentos e utensílios de bronze (que as narrativas bíblicas apontam ao templo). Outrossim (mesmo sem descobrimentos arqueológicos em Jerusalém) pelo resultado de outras escavações e estudo de documentos diversos (o leitor interessado encontrará detalhes e documentação em Alex Horne, Op. Cit., Cap. IV, P. 37 e Sgs.) é possível estabelecer conclusões quanto à arquitetura atribuída ao Templo de Salomão, no que concerne à ornamentação, disposição das dependências, técnica construtiva, comparando a tradição bíblica com restos arqueológicos de outros templos do oriente próximo. São lições preciosas.
Conclusão
Enfim, o Maçom é mestre na arte de compor oposições e não desprezará o repositório inesgotável de ensinamentos velados por alegorias que nos proporciona a história (ou a lenda) da construção do Templo do Rei Salomão. Não desprezará a tradição dos Maçons Operários, só porque a arqueologia ainda não obteve provas insofismáveis. Ademais não se negará a tradição bíblica tão apenas por insuficiência de escavações arqueológicas.
É lição de Jules Boucher contida no célebre a Simbólica Maçônica - segundo as regras da Simbólica Esotérica e Tradicional (Trad. de Frederico O. Pessoa de Barros, Ed. Pensamento, S. Paulo, 9a. Ed., 1993, p. 152): os maçons não tentaram reconstruir materialmente o Templo de Salomão; é um símbolo, nada mais - é o ideal jamais terminado, onde cada Maçom é uma Pedra, preparada sem machado nem martelo no silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma Escada em Caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a Pedra (Estabilidade), a Madeira do Cedro (Vitalidade) e o Ouro (Espiritualidade). Para o Maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua realidade histórica, nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela”.
O Templo de Salomão é o Templo da Paz. Que a paz do Senhor permaneça em nossos corações!
Portal Pedreiros Livres

Ir.'. Giovanni Muglia Junior
Membro da: A.'.L.'.de Perf.'.Estrela do Vale II
Região de: Nova Andradina – MS.
COMPLIADO POR ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'.M.'.
GOSP/GOB - R.'.E.'.A.'.A.'.


AS COLUNAS ZODIACAIS - GRAU 1

NOÇÕES SOBRE
O SEU SIMBOLISMO NO UNIVERSO DA RELAÇÃO

MAÇONARIA E ASTROLOGIA
“Se um dia, porém, a interpretação mística se tornasse dominante, impondo suas interpretações, olvidando a tradição e os Landmarks, nesse dia teria fim a Maçonaria, pois logo seria transformada em mais uma seita religiosa, tornando-se aquilo que seus acusadores agora a consideram, afastando todos os sinceros praticantes de outras religiões, negando, assim, seus princípios basilares.” (Walter Celso de Lima em „Ensaios Sobre Filosofia e Cultura Maçônica‟) 
INTRODUÇÃO
Gosto de assuntos estimulantes, que imponham desafios e envolvam pesquisas aprofundadas. Gosto, sobretudo, das perguntas que vão se assomando durante a busca da melhor informação, pois, elas são como gatilhos que fazem disparar os nossos pensamentos, o nosso raciocínio e atiçam de vez a nossa curiosidade. Na Maçonaria, assim como, no interior dos nossos Templos, estaremos sempre muito próximos das perguntas, e a nossa evolução dependerá muito do nosso amor pelos estudos que realizarmos. As respostas obtidas, ao longo do tempo, as que contemplem as nossas dúvidas, terão muito a ver com o nosso compromisso, o nosso interesse e a nossa vontade de saber. E aqui, a velha máxima: “Sapere aude.” Sou um adepto daquelas instruções recheadas de perguntas, onde, no momento aquele da expectativa que antecede a resposta, a mente já revirou todas as suas gavetas, para descobrir que a resposta não está arquivada lá. Por isso, a sensação única e indescritível, quando a resposta vem de forma simples e suficiente. Se quem está dentro da Maçonaria não se importar em estudar, e se quem ingressou recentemente não for incentivado a estudar, não haverá num futuro Mestres devidamente preparados para ensinar, não existirão respostas inteligentes e cultas, não serão satisfeitas as dúvidas, e muitos dos símbolos continuarão dormindo o seu sono eterno. Falo isso, até para justificar a feitura deste trabalho, pois, muitos dos símbolos e alegorias presentes em nossa vida maçônica não são devidamente analisados como deveriam, sendo que, outros certamente são passados e repassados exaustivamente. As Colunas Zodiacais, no meu entender, carecem de maiores estudos e esclarecimentos durante as sessões de instrução, ou mesmo como tema para apresentação de trabalhos. Durante o meu tempo de Maçonaria, não me lembro de ter ouvido alguém apresentar qualquer trabalho ou falar sobre o que significavam. Isso que é um dos símbolos mais visíveis e insinuantes dentro dos nossos Templos. Das tantas influências, ou heranças da Maçonaria, e aqui tomo a liberdade de acrescentar, discutíveis ou não, a Astrologia tem o seu lugar garantido no conjunto todo que constitui o legado das antigas crenças, filosofias e ciências. Sem dúvida, aí estarão se consolidando alguns aspectos do misticismo que a Maçonaria também herdou. 
O Irmão Castellani, uma vez, com muita propriedade, sintetizou a história da Astrologia, tendo escrito na ocasião: “Embora seja, a Astrologia, muito antiga, remontando à época dos sumerianos, que ocuparam o Sul da Mesopotâmia, junto ao Golfo Pérsico, a partir do V milênio a. C., foi somente na Idade Média que ela cresceu de importância, após ter passado por momentos bastante obscuros, nos primórdios do Cristianismo. Pode-se dizer que sumerianos e babilônios criaram-na, os egípcios desenvolveram-na, os gregos deram-lhe roupagem científica e os árabes, já no período medieval, salvaram-na do total desaparecimento. (...) Após a queda do Império Romano do Ocidente, a astrologia desceu à condição de deturpada superstição, tornando-se, o seu estado de decadência, um dos motivos para que a Igreja Ocidental fizesse recrudescer os seus ataques às práticas astrológicas, apesar da existência de muitas referências astrológicas no Novo Testamento, como, por exemplo, os magos, no Evangelho de S. Lucas e diversas passagens do Apocalipse. A Igreja Oriental, porém, iria conservar alguns conhecimentos da astrologia científica, enquanto que, na Ocidental, ela seria fulminada pelos ataques de Santo Agostinho de Hipona (354-430). Ainda na Idade Média, todavia, os principais fundamentos da moderna astrologia iriam ser lançados por dois importantes teólogos da Igreja: S. Tomás de Aquino e Santo Alberto Magno. E foi nessa época de obscurantismo de todas as ciências que surgiram os árabes conquistadores, motivados pela força de sua nova religião: o Islã.(...) Donos de grande habilidade na Medicina, na Alquimia e na Astronomia, os árabes desenvolveram extensos estudos astronômicos, que mostram uma acentuada orientação astrológica.” 
A ASTROLOGIA E A SUA PERMANÊNCIA ATÉ OS DIAS ATUAIS 
Sem dúvida, uma das questões que deram uma grande dor de cabeça aos estudiosos pertencentes à Igreja durante o Período Medieval, era quanto à classificação da Astrologia: uma arte divinatória, simplesmente, que deveria ser proibida, ou uma ciência que deveria merecer toda a credibilidade? Por outro lado, a Astronomia, ao contrário da Astrologia, não era vista com bons olhos pela Igreja, tanto que, uma das poucas obras adotadas no período da Idade Média era um compêndio de Astronomia do sábio grego Ptolomeu, onde constava sua teoria de que a Terra era o centro do Universo. Na época em que esse sábio viveu, havia um adágio latino que dizia: “os astros influenciam, mas não determinam.” Voltando à época medieval, Santo Alberto Magno resolveu de certa forma o impasse, dando a entender que os astros não podiam influenciar a alma humana, mas influenciavam com toda a certeza o corpo e a vontade dos homens. Por esse motivo, a Igreja no período da Inquisição, não “encaminhou” nenhum astrólogo para as suas fogueiras, bem ao contrário do que fez com os templários, os cátaros, os judeus e outros. Essa atitude da Santa Igreja fez com que a astrologia vicejasse ganhando o “status” de ciência, e inclusive sendo ensinada nas Universidades da época. Quanto à Astronomia, a Igreja continuava com Ptolomeu, com sua tese de que a Terra ocupava o centro do Universo, em torno da qual moviam-se os sete planetas, número referente aos que eram conhecidos na Antiguidade e ainda na época em que Ptolomeu viveu. Em vista desse quadro, não é difícil de entender o porquê dessa mesma Igreja, ter relutado bastante em aceitar as descobertas que vinham se processando no âmbito da Astronomia, fundamentadas em observações e cálculos, e que teve expoentes do calibre de Copérnico,de Kepler e de Galileu. Em nossos tempos atuais, depois de muita água correr por debaixo da ponte, aqueles que se baseiam em paradigmas científicos, vem hostilizando bastante os assuntos que se referem à Astrologia, invalidando qualquer pretensão de uma base também científica que seus praticantes insistem em defender, taxando-a de mera superstição, de ser uma pseudociência inventada pelos antigos e perpetuada até os nossos dias, por pessoas excêntricas ou charlatães. O correto mesmo, no entender de muitos, é sustentar que a influência dos astros sobre o Planeta Terra, é produto somente de uma série de leis naturais interagindo no âmbito do Universo, o que não significa dizer que guardam relação com a mente humana
A ASTROLOGIA, A MAÇONARIA E AS COLUNAS ZODIACAIS 
O grande estudioso e pesquisador maçom Theobaldo Varoli Filho escreveu o seguinte: “A Maçonaria respeita a astrologia como expressão de pensamento, assim como não interfere nas crenças de seus obreiros. Afinal de contas, foi da astrologia que nasceu a astronomia. Por outro lado, uma coisa é mencionar como fato histórico as idéias dos astrólogos e deixar a cada um a deliberação de pesquisar pessoalmente o que possa haurir de verdade sobre os vaticínios dos astros. Outra coisa é querer impingir aos maçons as doutrinas astrológicas. Isso é proibido na Maçonaria.” Quando pela primeira vez observei detidamente as Colunas Zodiacais no interior do Templo, logo senti a necessidade de saber mais sobre elas, pois, de maneira óbvia, analisando o conjunto todo, e os enfeites que são utilizados no conjunto todo, logo somos remetidos à Astrologia, ou ao que sabemos estar relacionamos com horóscopos e mapas astrais. À medida que fui me inteirando mais, através das leituras de alguns trabalhos afins, pude perceber que algumas informações não eram partilhadas de comum acordo por alguns autores, ou que uns eram mais astrólogos e outros mais astrônomos. Num primeiro momento até cheguei a acreditar que o tema não é mais explorado por conter um preconceito velado, ou um risco para quem se atreva a falar sobre as mesmas: em algum momento, deixar transparecer ou dar a entender que é um adepto da Astrologia, ou dos horóscopos. Mas, será que para falar das Colunas Zodiacais, teremos de obrigatoriamente falar de horóscopos? Busquemos as respostas, antecipando desde já, que não será possível esgotarmos o assunto, pois, é grande a variedade de aspectos que podem ser abordados. Quem sabe, possamos desmitificar um pouco do que anda por aí, ou simplesmente clarear um pouquinho mais. 
SOBRE O POSICIONAMENTO DAS COLUNAS ZODIACAIS NO TEMPLO 
A primeira grande questão a ser levantada aqui é a seguinte: Qual o correto posicionamento das Colunas Zodiacais no interior do Templo? Consultando o Diagrama do Templo constante do nosso Ritual e Instruções, lá estavam elas, seis de cada lado do Templo e no Ocidente. E aqui faço questão de frisar: no Ocidente. Isto, se deve ao fato de que, em alguns Templos, já observei as mesmas se espalhando também pelo Oriente. Vou usar de outra coluna, (desculpem o trocadilho) mas, estou me referindo a Coluna de “Perguntas e Respostas“ do Irmão Pedro Juk. Em determinada ocasião ele respondeu a um Irmão que lhe indagara sobre o porquê das Colunas Zodiacais não passarem da balaustrada, se elas eram a sustentação da abóbada celeste, e sendo assim, deveriam estar posicionadas do Norte ao Sul e do Oriente ao Ocidente. O Irmão Pedro Juk, depois de esclarecer sobre o que classificou como um tremendo equívoco, adiantou também que, as Colunas Zodiacais jamais serviram para sustentação da abóbada celeste. Depois de elucidar sobre o que elas representavam verdadeiramente, arrematou a sua brilhante resposta com a frase: “Via de regra – Não existem Colunas Zodiacais no Oriente.” A resposta inteligente do Irmão não exclui totalmente a possibilidade de que ocorram por aí situações diferentes. Mais autores consultados também dão o seu posicionamento correto como sendo no Ocidente, e outros omitem essa informação. O Irmão e escritor Joaquim Roberto Pinto Cortez na sua obra “ A Maçonaria e as Tradições Bíblicas” assim se refere: “ Estas colunas devem ficar sempre nas paredes do Ocidente, sendo seis de cada lado.” Uma informação, no mínimo curiosa, é a que foi detectada e relatada pelo Irmão Denizart Silveira de Oliveira Filho, em uma das suas obras, que diz o seguinte: “(...) A sequência das Colunas é de Áries a Peixes, da seguinte maneira: primeira, ao Norte, próxima à parede ocidental – ou Noroeste –é a de Áries; e a última, ao Sul, também próxima à parede ocidental – ou Sudoeste – é a de Peixes. Isso, porque a representação do signo de Câncer deverá estar sempre ao Norte – correspondendo à coluna “B”, que marca a passagem do trópico de Câncer – e a do signo de Capricórnio estará sempre ao Sul – correspondendo à coluna “J”, que marca a passagem do trópico de Capricórnio. Esta exigência, todavia, não autoriza o erro cometido em certos Templos, com a colocação de apenas dez colunas, o que implica considerar as duas colunas vestibulares como as Zodiacais de Câncer e Capricórnio, o que é incorreto.”
AS COLUNAS ZODIACAIS E O SEU SIGNIFICADO
Uma opinião de peso e que posso reproduzir aqui é aquela proveniente de um artigo intitulado “Colunas Zodiacais”, do Irmão Sergio Quirino Guimarães, onde na forma de chamamento à leitura do mesmo, ele dispara: “Como você reagiria se eu dissesse que as Colunas Zodiacais não são “coisas” da Maçonaria? (pausa para pensar) Nossa! Isso é que eu chamo de saber atiçar a nossa curiosidade. E no transcorrer do mesmo ele mata a charada: “Mesmo após escrever tudo isso eu ainda lhe digo: as Colunas Zodiacais não são “coisas” da Maçonaria! Você já ouviu falar que nossos Templos foram construídos de acordo com o Templo de Salomão? E no Livro da Lei há a descrição das doze colunas e todos esses símbolos? Portanto as Colunas Zodiacais são elementos de alguns RITOS MAÇÔNICOS e por conta disso não podemos generalizar dizendo que fazem parte da Maçonaria;” Basicamente, podemos dizer que as colunas zodiacais presentes na decoração dos nossos templos, e aqui cumpre enfatizar que estamos falando do Rito Escocês Antigo e Aceito, são Jônicas e são em número de doze, o que remete às doze constelações representadas pelo Zodíaco. Estão distribuídas da seguinte forma: seis de cada lado, e geralmente estando engastadas nas paredes do Templo. Também podem ser encontradas como meias colunas caneladas que são colocadas ao longo das paredes. Sobre os capitéis estarão postas, ou pintadas, as representações dos doze signos zodiacais, que recebem o nome de pentaclos, que são a exposição dos signos estilizados, normalmente, com seus elementos e planetas respectivos. Na Maçonaria Simbólica, o significado maior das colunas zodiacais tem ligação direta com o percurso que o iniciado deverá cumprir durante a sua vida maçônica, desde o marco inicial, ou seja, desde o seu ingresso como Aprendiz até o Grau de Mestre. Aliás, a influência da Astrologia já se faz presente desde a Iniciação por ocasião das depurações via quatro elementos: a terra, a água, o ar e o fogo. Todos eles conhecidos como elementos da natureza e formadores da Criação no estudo da Astrologia. Ainda, conforme o Irmão Pedro Juk: “(...) essa alegoria (...) está diretamente ligada ao conjunto iniciático entre o Homem e a Natureza. (...) Assim a alegoria das Colunas Zodiacais iniciam as estações do ano no Hemisfério Norte (a Maçonaria surgiu neste Hemisfério). Assim as três primeiras colunas compreendem a Primavera e as outras três, o Verão, sendo que esse grupo de seis colunas estende-se pela parede Norte denominado em Maçonaria como o Topo da Coluna do Norte. Essas colunas tem o sentido de leitura partindo do canto com a parede ocidental até a balaustrada do Oriente. Na outra face, ou topo do sul existem mais seis colunas com sentido de leitura da balaustrada do Oriente até o canto com a parede ocidental. No Sul as três primeiras representam o Outono e as últimas três, o Inverno. (...) Em síntese essas Colunas representam a senda iniciática do Rito em questão – a Primavera e o Verão, o Aprendiz no Topo do Norte, enquanto que o Outono, o Companheiro e o Inverno, o Mestre. Essa alegoria é representada ligando o Homem aos ciclos da Natureza – infância, juventude, maturidade e morte. Essa renovação significa as etapas de aperfeiçoamento do Obreiro – Aprendiz, Companheiro e Mestre – tal qual se apresenta a Lei natural de morrer para renascer. É a morte simbólica do Iniciado na Câmara de Reflexão e o renascimento de uma nova vida a partir da Primavera.
AS COLUNAS ZODIACAIS E A SUA RELAÇÃO COM O GRAU DE APRENDIZ MAÇOM
Além das ponderações anteriores do Irmão Pedro Juk, no que se refere ao Grau de Aprendiz, ainda há mais informações importantes sobre as representações. Já sabemos que as Colunas Zodiacais são representadas pelos Símbolos inerentes aos 12 signos constantes no Zodíaco. As colunas possuem uma ordem que é a seguinte: Ao Norte, e no sentido do Ocidente ao Oriente, temos: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. Ao Sul, e no sentido igual ao anterior, temos: Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Esses signos representam então toda a trajetória que é dada o Maçom percorrer a partir do momento em que é iniciado até chegar ao Grau de Mestre. Os signos diretamente relacionados com o Grau de Aprendiz são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem, como já relacionados anteriormente. Na sequência, veremos cada um desses signos relacionados com o Grau de Aprendiz e suas respectivas representatividades:
ÁRIES: Corresponde à cabeça e ao cérebro do homem. É o símbolo que corresponde ao ardor iniciático, ao fogo interno e que é encontrado no candidato que está buscando a Luz. O Planeta é Marte e o elemento é o fogo.
TOURO: Corresponde ao pescoço e à garganta. Simboliza o Recipiendário, que devidamente preparado foi admitido nas provas referentes à Iniciação. O Planeta é Vênus e o elemento é a terra.
GÊMEOS: Corresponde aos braços e às mãos. Simboliza o recebimento da Luz pelo neófito. O Planeta é Mercúrio e o elemento é o ar.
CÂNCER: Corresponde aos órgãos vitais respiratórios e digestivos. Representa a instrução do Iniciado, e a absorção dos ensinamentos iniciáticos. É a Lua, o astro, e o elemento é a água.
LEÃO: Corresponde ao coração, que é o centro vital. É a crítica exercida pelo Iniciando, com o auxílio da razão, para selecionar o conhecimento. O astro é o Sol, e o elemento é o fogo.
VIRGEM: Corresponde ao plexo solar, responsável pela distribuição das funções no organismo. Simboliza a reunião dos materiais de construção pelo Aprendiz, para serem utilizadas no desbaste da Pedra Bruta. O planeta é Mercúrio, e o elemento é a terra. De maneira óbvia, os signos faltantes relacionam-se com outros Graus, e que seriam, sem que entremos em maiores detalhes: Libra com o Grau de Companheiro e Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes com o Grau de Mestre. As Colunas Zodiacais estão presentes em nossos templos, servindo de referência para a nossa orientação simbólica no Universo, onde, por extensão o Universo é uma imensa oficina. A nossa familiarização com elas, o nosso entendimento delas vai demandar certo tempo e talvez a compreensão maior só venha partir do momento em que se tenha uma visão global do contexto todo em que elas estão inseridas.
RAZÕES PARA SEGUIR PESQUISANDO 
Motivo de decepção é recorrer a algumas obras consideradas clássicas utilizadas para consultas em pesquisas maçônicas e não achar quase nada sobre as Colunas Zodiacais. Diferenças, divergências, ritos diferentes, maneiras de interpretar, tudo tem que ser levado em consideração. A Maçonaria é uma só, mas tem suas nuances. A verdade, é que não existe uma só verdade, e ainda bem. Certamente, há muito mais para ser buscado, e como já antecipei durante o transcorrer deste trabalho, há muitos ângulos de abordagem, relações para serem estabelecidas, seja com o Templo, com o próprio homem, ou com o Cosmos. Além do mais, cabem mais esclarecimentos no sentido de livrar esses símbolos das análises carregadas de misticismo, onde o desconhecimento de alguns só faz ligá-los às predições, aos horóscopos, aos mapas astrais ou coisas do gênero, sendo que os objetivos da Maçonaria estão voltados para o que interessa verdadeiramente, que é o símbolo como objeto de estudo, de acesso ao conhecimento, levando-nos nos a compreender a trajetória do homem desde o seu começo dos tempos, para entendermos melhor o estágio em que nos encontramos agora, e até onde queremos evoluir. Como escreveu o Irmão Charles Evaldo Boller: “Na filosofia maçônica as Colunas Zodiacais são apenas símbolos para estudo, destituídas da atribuição de aspectos da predição do comportamento do homem.” Estudar o símbolo em sua profundidade, e entender que as Colunas Zodiacais tem a função de demarcar o caminho do Maçom, o caminho que ele deverá percorrer para atingir a perfeição. 13 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Internet: “As Colunas Zodiacais” – Artigo do Irmão Charles Evaldo Boller – Disponível em:Segredomaconico.blogspot.com/20…/…/as_colunas_zodiacais.html Informativo JB NEWS n° 876 – 26.01.13 – Bloco Perguntas e Respostas – Irmão Pedro Juk Revistas: Guia de Maçonaria – n° 1 – On Line Editora “A Trolha” n° 109 e 298. “Universo Maçônico” n° 9 Livros: CORTEZ, Joaquim Roberto Pinto. “A Maçonaria e as Tradições Bíblicas” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 2011 FILHO, Denizart Silveira de Oliveira. “Da Iniciação Rumo à Elevação” Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. FILHO, Theobaldo Varoli. “Curso de Maçonaria Simbólica” - 1° Tomo (Aprendiz) – Editora A Gazeta Maçônica GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite: Vade Mécum Maçônico” - Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. 2008 LIMA, Walter Celso de. “Ensaios Sobre Filosofia e Cultura Maçônica” – Editora Madras - 2012 WEST, John Anthony. “Em Defesa da Astrologia” – Editora Siciliano – 1992 Ritual e Instruções do Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito – 2010-2013 - GORGS
 Ir.'. ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'.M.'.
GOSP/GOB - R.'.E.'.A.'.A.'.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

OS 10 APELOS DO APRENDIZ MAÇOM

I. Ensina-me Mestre, a desbastar minha pedra bruta, com a prática que adquiristes ao desbastar Tua própria pedra.

II. Ensina-me Mestre, a caminhar na marcha do meu grau, no grande Templo Maçônico, que é o mundo lá fora, caminhando Tu, à minha frente, como meu líder, nos caminhos do Bem, da Verdade e da Justiça.

III. Ensina-me Mestre, a ser livre de vaidades, ambições e servilismos que amesquinham o homem, vendo eu em Ti, o Mestre livre de tais sentimentos.
IV. Ensina-me Mestre, o dom que tens de perdoar, esquecer e compreender as fraquezas de todos os homens, enaltecendo suas virtudes, para que eu, como teu discípulo, possa também saber perdoar, esquecer e compreender as fraquezas de todos os homens, enaltecendo suas virtudes.
V. Ensina-me Mestre, a trabalhar como trabalhas, anonimamente, em favor de uma boa causa, fugindo como Tu foges, dos aplausos frívolos, fáceis e das honrarias vulgares.
VI. Ensina-me Mestre, os bons costumes pelos quais temos de saber ouvir e de saber calar nos momentos certos, mas principalmente o dom, que temos de lutar em favor dos que clamam por pão e justiça social.
VII. Ensina-me Mestre, a ser como Tu és, a todos os momentos, um simples, mas forte tijolo da Ponte de União entre os homens, e nunca um ponto de discórdia entre eles.
VIII. Ensina-me Mestre, a cultivar em meu coração, todo o respeito e amor que cultivas entre os homens, e principalmente com Tua família, para que possa, cada vez mais, espelhado em Ti, respeitar a todos os homens e amar em toda a extensão da palavra, minha família.
IX. Ensina-me Mestre, toda Tua bravura, destemor e honradez para defender a Liberdade e a Soberania da nossa Pátria, para que eu possa, a qualquer momento, ao Teu lado e contigo, lutar e morrer em sua defesa.
X. Ensina-me Mestre, tudo isso, enfim, sem vaidades, ostentações ou vãs palavras, que se perdem ao vento, mas simplesmente com Teus próprios exemplos, para que eu possa um dia, ser reconhecido como um verdadeiro Mestre-Maçom.



Ir.'. ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'.M.'.

GOSP/GOB - R.'.E.'.A.'.A.'.