Roberto de Jesus Sant'Anna

domingo, 10 de abril de 2016

CARTA DE UM MAÇOM A SEU FILHO

Meu Filho,
Quando você parar de me contar – como ainda você faz – as suas brincadeiras e as suas coisas pessoais; quando você não tiver mais medo da “escuridão” e decidir abrir, finalmente, as páginas desses livros desconhecidos que hoje você somente olha talvez mal ajeitado na estante do meu escritório, e que conservo com muito carinho; quando for adulto, aproxime-se desses senhores que hoje você acha misterioso e que, se bem não te desagradam, te merecem tão somente certa indiferença.
Procura essas pessoas que, frequentemente, me ligam ou me visitam e com quem compartilho algumas horas, a cada semana, nesses dias que você me vê chegar mais tarde em casa.
Sim, procura esses homens que a sociedade identifica como “Os Maçons” e que eu chamo, orgulhosamente de, “Meus Irmãos”.
Tantas vezes você os viu e ouviu que, provavelmente, já conheça todos eles.
A grande maioria são jovens; alguns, homens maduros; e outros, com as suas testas coroadas por cabelos grisalhos, do mesmo jeito que algumas montanhas mostram seus cumes, cobertos pelo branco da neve. Mas todos eles me permitiram beber da fonte da sabedoria.
Todos, por igual, abriram seus peitos como se abre uma cesta para receber as confidências, a alegria, os infortúnios e decepções, os projetos e as ilusões do melhor amigo.
Sim, procura essas pessoas, sem importar o longo caminho a ser percorrido, nem quantos os obstáculos que devam ser vencidos.
Decidido a procura-los, o Ser Supremo vai mostrar-te o caminho. E quando souber o que é que eles fazem, como pensam e o que pretendem, desde que o teu espírito esteja satisfeito, e achadas todas as tuas respostas, junte-se a eles e siga-os.
Mas, se mesmo depois de analisar os seus princípios, as tuas dúvidas continuarem sem resposta, então, meu Filho, saia do caminho, com a decência de um homem bem nascido.
Se eu ainda for vivo, baterei palmas à tua decisão, a aceitarei, pois você terá estudado antes de definir e porque conseguiu analisar a tua escolha, ou seja, terá decidido por você mesmo, após ter pensado e raciocinado.
E, caso eu tiver passado para o Oriente Eterno, vou pedir ao Grande Arquiteto do Universo (G\A\D\U\) para enfeitar a tua vida com os atributos que sempre procurei para você e que, Maçom ou não, o Mundo te reconheça como sendo um homem honesto, virtuoso, justo, respeitável, oposto a todo gênero de opressão e com um profundo amor pela humanidade.

Seu Pai é Maçom com muita Honra.
Autor Desconhecido

COMPILADO POR


Ir\ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\
GOB / GOSP

quarta-feira, 9 de março de 2016

TEMPLOS A VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO - GRAUS 1, 2 E 3

Escolhi este tema de forma independente às orientações da 2.'. Vig.'. para os trabalhos oficiais a minha postura como Ap.'. M.'., pois, acredito que , enquanto Ap.'., cada passo dentro de nossa Ordem , deve ser pesquisado, compreendido e postulado aos queridos IIr.'. , e, contudo, em conjunto, tentarmos consenso na interpretação destas duas palavras que conotam uma das mais discutidas dualidades inversas de nossa vida.

Outro motivo, que me pendi a este estudo/ pesquisa, foi o impacto de duas perguntas que a mim foram proferidas durante o Ritual de Iniciação, que, dentro de minha ignorância momentânea, percebi que minhas respostas não foram claras o suficiente, talvez pela emoção emanada do momento, ou até mesmo, pelo fato do desconhecimento profundo e misterioso que ambas as palavras nos submetem no dia a dia, na vida social e maçônica.

Relembro neste momento as seguintes perguntas:
O que entendeis por Virtude?
O que Pensais ser o Vício?

Relembro também as seguintes Palavras do Ir.'. Orad.'. : Se desejar tornar-vos um verdadeiro Maçom deveis primeiro morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos vulgares e nascer de novo para a Virtude, para a honra e para a Sabedoria.

Como Homens livres e de bons costumes, entendo que além do sagrado dever de levantarmos templos a Virtude e cavarmos masmorras aos Vícios, devemos saber interpretar ambas as questões, para que no dia a dia, não sejamos submetidos ao despertar de nossa ignorância quando interpelado sobre seus significados. Daí, minhas conclusões que disserto a seguir.

Comecemos com a Virtude, em suas definições Filosóficas, que nos levam a discernir como um estado de Comportamento do Homem:

O primeiro desses significados se refere às qualidades materiais ou físicas de qualquer ser, inclusive do homem. São as virtudes da água, do ar, ou como as virtudes naturais dos seres vivos de respirar, reproduzir-se, ou do homem de raciocinar, de ser bípede etc. Esse significado se refere às qualidades não adquiridas, mas próprias da natureza de cada ser, tanto em razão de sua composição química como em razão de sua estrutura orgânica ou de sua evolução natural. São as qualidades e as capacidades naturais que os seres em geral manifestam, desde os átomos até os seres organizados superiores.

O segundo significado diz respeito às habilidades próprias do ser humano, como tocar um instrumento musical, saber usar uma ferramenta, saber escrever, pintar, ler, raciocinar logicamente etc. São, na verdade, destrezas, habilidades ou capacidades de execução de alguma atividade, adquiridas através de exercícios e experiências, tanto em nível corporal como em nível mental. São as qualidades adquiridas pelo aprendizado.

O terceiro sentido de virtude diz respeito ao comportamento moral resultante do exercício do livre arbítrio e, portanto, diz respeito exclusivamente ao homem. É exatamente desse terceiro sentido, o comportamento moral, que nos interessa como Maçons, pois somente ele diz respeito exclusivamente à educação do espírito, uma tarefa extremamente valorizada dentro da Maçonaria porque conduz ao comportamento moral, ao amor e a generosidade.

Comportamento moral é a pratica da solidariedade humana em todos os sentidos, e que pode ser manifestada de infinitas maneiras, pois são infinitas as maneiras que nos podem conduzir na pratica da solidariedade. Podemos, por exemplo, trabalhar com dedicação para tirar o homem de sua ignorância, podemos ajudar o nosso semelhante a superar suas necessidades materiais, podemos nos colocar ao lado do nosso semelhante em suas dores mais profundas, podemos estar ao lado dele quando abatido em seus males corporais, enfim há vários meios de praticar a solidariedade.

Para que um determinado comportamento moral possa ser considerado uma virtude não é suficiente à prática de atos morais esporádicos ou isolados. É necessário antes de tudo haver uma continuidade, um hábito, um estado de espírito sempre ativo e presente na consciência, a cada dia e a cada momento.

Dentro do Comportamento Moral, podemos acrescentar o próprio comportamento social que vivemos para fazermos valer na tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde cujas são por excelência, os elementos para construir em nosso templo interior o verdadeiro espírito maçônico. E para tanto, ao entender das pesquisas, temos que praticar constantemente as virtudes que relacionamos a seguir:

A Virtude da Justiça: por justiça entende-se como virtude moral, pela qual se atribui a cada indivíduo aquilo que lhe compete no seio social: praticar a justiça. A justiça em nossa Ordem é a verdade em ação, é a arma para as conquistas da Liberdade.

A Virtude da Prudência: é a Virtude que nos auxilia a nossa inteligência para distinguir a qualidade do ser humano que age com comedimento, com cautela e moderação, enriquecendo nossa igualdade, e respeito entre os irmãos, estendendo à sociedade que vivemos em nossa vida profana.

A Virtude da Temperança: podemos relacionar diretamente a virtude da Temperança com uma espícula extremamente dura a ocupar uma das infinitas arestas da Pedra Bruta, pois é ela que disciplina os impulsos, desejos e paixões humanas. Ela é a moderação e barragem dos apetites e das paixões, sendo o império sobre si mesmo. Com ela, estaremos deixando cada vez mais forte e profunda as raízes da Fraternidade.

Faço destaque à Fraternidade, ora regida por nossas temperanças, pois da importância do conjunto de nossa tríade, considero-a a mais direcionada às nossas causas e conquistas enquanto Maçons, pois ela é a diferença de nossa Ordem, ela que serviu de arma forte e reluzente, que fez com que nossos irmãos antepassados, entregando muitas vezes suas próprias vidas a repugnância, resistindo às perseguições e se deixando abater pela inquisição, pela própria rusga Cuibana não deflagraram nossos segredos, nossos augustos mistérios, e salvaram com os princípios fraternos a continuidade de nossa Ordem durante séculos que se passaram.

A Fraternidade Maçônica sempre foi conseguida através de um laço que se poderia chamar de cumplicidade maçônica. Essa cumplicidade nasceu entre os irmãos a partir do compartilhamento de diversos sigilos, como o aspecto secreto das reuniões, os sinais de reconhecimento, o segredo dos graus, os simbolismos etc., que começa a se formar a partir do momento da iniciação.

É essa gama de atos e fatos ligados à estrutura básica da Maçonaria que faz nascer essa ligação de cumplicidade que gera a inconfundível fraternidade Maçônica. Este laço material se reforça com a prática da Filosofia, das Virtudes e dos Princípios Maçônicos, principalmente da Justiça, da Prudência, do Amor, e da Generosidade.

Existem certamente momentos em que afloram os instintos, ou seja, vícios ainda não convenientemente dominados, tal como o egoísmo, provocando desentendimentos pessoais. Isso é natural que aconteça mesmo depois de nos tornarmos maçons, pois é sabido que mesmo após muitos anos o espírito dentro de sua cavalgada na busca da perfeição não consegue absorver o verdadeiro sentido do que é uma fraternidade. Não conseguem deixar-se dominar pela cumplicidade maçônica.

Nesses momentos deve agir o sentimento de temperança dos demais irmãos para serenar os ânimos e não deixar os ressentimentos se avolumarem. O Importante é não deixar de lutar pela fraternidade a cada dia e a cada instante, mas para isso é preciso termos em primeiro lugar domínio sobre nossos vícios, cujo também alvo desta peça, discuto a seguir, pois do que vale pregar o bem, sem o entendimento do mal?

Percebi em minhas pesquisas, que pouco se fala sobre os Vícios, até mesmo a própria Bíblia Sagrada, O Livro dos Espíritos, Livros afins e várias peças de arquitetura que o entendimento da palavra e do substantivo declarado Vício é de forma singela e simploriamente declarada como o "O oposto da Virtude", havendo logicamente mais espaços destinados ao assunto "Virtude", o qual não sou contra, pois dentro dos conceitos atuais de estruturalismo, é mais fácil corrigir o mal com o reforço do ensino e prática do bem, tal como nosso Ritual de Iniciação que o Ven.'. M.'. dita o seguinte discurso:

".'. É o oposto da Virtude. É o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal; e é para impormos um freio salutar a esta impetuosa propensão, para nos elevarmos acima dos vis interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor das paixões, que nos reunimos neste templo.'.".

O Vício pode ser interpretado como tudo quanto se opõe a Natureza Humana e que é contrário a Ordem da Razão, um hábito profundamente arraigado, que determina no individuo um desejo quase que doentio de alguma coisa, que é ou pode ser nocivo. Em síntese, tudo que é defeituoso e que se desvia do caminho do Bem.

Do ponto de vista abstrato, podemos dizer também que tudo que não for perfeito é Vício, mas do ponto de vista prático, é um termo relativo que depende do grau de evolução do Individuo em questão, pois o que seria um Vício para um Homem cultivado, poderia ser uma virtude para um selvagem.

Na verdade, nenhum vicio poderá ser jamais uma desvantagem absoluta, pois toda forma de expressão indica um desenvolvimento de força. O que devemos realmente é estabelecer e proclamar nossa guerra interna, conflitarmos espiritualmente o combate às nossas imperfeições seja nessa vida ou nas próximas que estamos por vir.

De todos os vícios que sofremos e estamos expostos no dia a dia para com a sociedade, nosso templo, nosso ego, enfim, aquele que podemos declarar como o Orientador a todos os outros vícios é o egoísmo, e este vem assolando todas as comunidades, todas as religiões, todas as irmandades, enfim, todo o Mundo está submisso ao Egoísmo, e , na prática e exercício deste de forma desequilibrada, teremos os demais vícios aflorando facilmente e deflagrando em cada canto do mundo, a discórdia,a intemperança, as guerras, o fanatismo, a injustiça, a fome, as doenças, a infelicidade, enfim, as mortes prematuras que assolam os ditos países não desenvolvidos.

Quando citei o exercício desequilibrado do egoísmo, quis demonstrar que jamais um vício pode ser uma desvantagem absoluta (dito a dois parágrafos anteriores) , pois como exemplo, podemos citar que o Egoísmo de um PAI na proteção de seu filho não pode ser tratado como um desequilíbrio egoísta e sim uma reação que não podemos condenar desde que para isso não tenha praticado o mal ao seu semelhante.

Assim como tudo na vida e em nossas ações estaremos submetendo ao equilíbrio, os vícios também o são submetidos, pois com certeza, nós homens nunca seremos perfeitos, a imperfeição faz parte do Homem, e isto é lógico e notório, partindo do principio que somos Espíritos tendo experiências humanas na terra e não humanos tendo experiências espirituais.

Nosso mundo nada mais é que uma grande escola espiritual e que para conseguirmos nossa evolução, temos que ser submetidos às vivências carnais tempo a tempo, até que sejamos perfeitos, e isto ocorrendo não mais estaremos de volta e sim estaremos ajudando em outro plano os demais que assim se fizerem de coração aberto para os ensinamentos.

Outra citação que coloco, é a questão das Paixões, também fruto do egoísmo, que dentro de uma estrutura hierárquica, posso considerá-la como uma segunda posição depois do Egoísmo. A Paixão está no excesso acrescentado à vontade, já que este princípio foi dado ao homem para o bem, e suas paixões podem levá-lo a realizar grandes coisas. É no seu abuso que está a sua definição como um vício.

A Paixão é semelhante a um cavalo, que é útil quando dominado e extremamente perigoso quando domina. Uma paixão será por demais perigosas no momento em que deixar de governá-la e resultar qualquer prejuízo para você ou aos outros.

Sem dúvida grandes esforços são feitos para que a Humanidade, e nós Maçons que fazemos parte dela, avance, encoraje-se, honre-se os bons sentimentos mais do que em qualquer outra época deste nosso mundo, entretanto a desgraça roedora do egoísmo continua sendo sempre a nossa chaga social. É um mau real que cai sobre todo o mundo, do qual cada um é mais ou menos vítima.

É preciso combater os vícios, equilibrá-los, assim como se combate uma doença epidêmica. Para isso, devemos proceder como médicos: ir à origem. Que se procurem, então em todas as partes de nossa organização social, desde as famílias até nossa comunidade, desde os barracos de tábuas, até as grandes Mansões, todas as causas, todas as influências evidentes ou escondidas que excitam, mantêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo.

Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo. Restará somente combatê-las, senão todas de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será eliminado. A cura poderá ser demorada, porque as causas podem e são numerosas, mas não impossível. Isso só acontecerá se o mal for atacado pela Raiz, ou seja, pela educação, não a educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A Educação, bem entendida é a chave para o progresso moral.

Quando conhecermos a arte de manejar o conjunto de qualidades do homem, como se conhece a de manejar as inteligências, será possível endireitá-los, como se endireitam plantas novas, mas esta arte exige muito tato, muita experiência e uma profunda habilidade de observação e vigilância. É um grave erro acreditar que basta ter o conhecimento da ciência, dos augustos mistérios de nossa ordem para que exercemo-las com proveito.

Todo aquele que acompanha o filho do rico ou do pobre, desde o nascimento e observa todas as influências más que atuam sobre eles por conseqüência da fraqueza, do desleixo e da ignorância daqueles que os dirigem, quando, frequentemente, os meios que se utilizam para moralizá-lo falham não se pode espantar em encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que, se existem naturezas refratárias, que se recusam a aceitá-las, há, mais do que se pensam, as que exigem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos.

O Homem, meus IIr.'., deseja ser feliz e esse sentimento é natural, por isso trabalha sem parar para melhorar sua posição neste mundo que vivemos. Ele procurará a causa real de seus males a fim de remediá-los. Quando compreender que o egoísmo é uma dessas causas, responsável pelo orgulho, ambição, cobiça, inveja, ódio, ciúme, que o magoam a cada instante, que provoca a perturbação e as desavenças em todas as relações sociais e destrói a confiança que o obriga a manter constantemente a defensiva, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então compreenderá também que esse vício é incompatível com sua própria felicidade e até mesmo com sua própria segurança.

E quanto mais se sofre com isso, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, assim combate a peste, os animais nocivos e os outros flagelos; ele será levado a agir assim por seu próprio interesse.

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a fraternidade é a fonte de todas as virtudes; destruir um e desenvolver outro ( Levantar templos a Virtude e Cavar masmorras aos Vícios ), esse deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar sua felicidade em nosso mundo e no seu mundo espiritual.

"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo, Quem é mau é escravo, ainda que seja livre."
Santo Agostinho

 Ir.'. Roberto de Jesus Sant´Anna - M.'.M.'.
GOB / GOSP



terça-feira, 6 de outubro de 2015

TRONCO DE BENEFICÊNCIA OU SOLIDARIEDADE

Sinopse  Considerações a respeito do Tronco de beneficência ou de solidariedade; ritualística de coleta; interpretação mística e filosófica.

No Rito Escocês Antigo e Aceito é explicado ao neófito que o Tronco de Solidariedade arrecada dinheiro, denominado metais, que serão distribuídos depois aos necessitados.

O obreiro coloca seu óbolo na mão e a fecha, coloca-o dentro da bolsa de coleta e lá dentro a abre e solta sua doação, deposita para si mesmo, soltam-se os fluídos da ponta de seus dedos, energizando o conteúdo da bolsa, fecha a mão e retira-a fechada.

Ao retirar a mão fechada significa que assim como ele pode colocar o lhe ditar o coração, também poderá tirar quando necessidades o afligirem. Daí deduzindo que os necessitados a serem socorridos em primeira instância são os próprios irmãos do quadro.

Existem relatos que creditam a origem deste procedimento como remanescente ao tempo em foi construído o templo de Salomão, onde ferramentas, projetos, documentos e pagamento dos obreiros eram colocados dentro das colunas do templo, que eram ocas exatamente para esta finalidade.

O pagamento de companheiros e aprendizes origina-se da tradição de retirar do interior do tronco das colunas o salário a que faziam jus.

Mas a origem mais convincente e lógica é francesa, pois naquela língua a palavra "tronc" pode ser usada tanto para tronco humano como para caixa de esmolas.

Guarda-se apenas a simbologia deste procedimento, em verdade as colunas B e J dos templos atuais são meras figuras simbólicas e não são ocas.

A circulação ritualística da bolsa de solidariedade obedece ao formato de duas estrelas de seis pontas, que por sua vez são compostas cada uma por dois triângulos um dentro do outro, em posição invertida.

A marcha inicia no ocidente, entre colunas, em direção ao oriente. O irmão hospitaleiro coloca a bolsa colada a sua cintura, ao lado esquerdo do corpo e inicia a marcha.

Sem olhar para o que é depositado na bolsa vai passando por todos os obreiros em loja.

O venerável mestre, primeiro vigilante e segundo vigilante definem o primeiro triângulo; orador, secretário e guarda do templo definem o segundo triângulo, o que resulta na primeira estrela; depois passa pelos oficiais e obreiros do oriente, pelos mestres e oficiais da coluna do sul e pelos mestres e oficiais da coluna do norte, definindo o terceiro triângulo; companheiros, aprendizes e o cobridor externo formam o quarto triângulo e completam a segunda estrela.

E por fim, o cobridor externo segura a bolsa, e o próprio hospitaleiro deposita seu óbolo na bolsa, retoma a bolsa, lacra-a e conclui o giro da bolsa postando-se entre colunas. Comunica ao venerável mestre que a tarefa está cumprida e recebe instruções do que deve fazer em seguida.

Normalmente o hospitaleiro leva a bolsa lacrada até o altar do tesoureiro e ambos conferem o valor coletado. Em seguida o tesoureiro comunica ao venerável mestre o valor arrecadado.

Durante a circulação da bolsa nenhum irmão pode adentrar ou sair do templo.

Normalmente é momento em que os obreiros aproveitam para recolhimento espiritual ou relaxamento, pois o ato de doar é tido como místico, é o sacrifício da oferenda que se faz como culto ao conceito de Grande Arquiteto do Universo de cada um.

Para tornar o momento mágico o mestre de harmonia baixa a intensidade das luzes e executa músicas suaves. É uma parte do ritual que se não executado é considerado como se aquela sessão não foi válida, à exceção das sessões brancas.

O retirar de metais não ocorre no instante em que o obreiro retira a mão da bolsa, mas é solicitado ao venerável mestre que determinará a seu critério mandar efetuar sindicâncias, para só então fornecer os recursos financeiros ao irmão em necessidade.

Normalmente sequer é o beneficiado quem faz a solicitação, na maioria das vezes tal ação parte do hospitaleiro, mas pode ser qualquer outro irmão do quadro.

O irmão que não consegue pagar suas contas tem direito ao uso destes recursos? Não! Isto não é situação válida para obter recurso deste fundo.

O obreiro teve sua casa queimada ou uma doença grave sobre ele se abateu de forma inesperada, pode ser socorrido com recursos do Tronco de Beneficência? Sim! À critério do venerável mestre e da loja.

Sempre precisa haver razão válida, de real valor humanitário para se efetuar algum socorro. E esta ajuda é feita muitas vezes de tal maneira que o beneficiado sequer sabe de onde vem o recurso, é feita também de tal forma que não humilhe aquele; tem somente o objetivo de amenizar o sofrimento de quem realmente necessita. É por isto também conhecido como tronco da viúva, onde os filhos da viúva são os maçons.

Quando os fundos do tronco dos pobres ou da viúva atingem valor razoável, parte dele é destinado para obras de beneficência.

Nunca é totalmente gasto, sempre fica um fundo para a eventualidade de haver necessidade de socorrer algum irmão em real necessidade emergencial.

Não colaborar com o ato litúrgico do tronco de solidariedade é o mesmo que fugir da prática da caridade e torna o maçom indigno de exercer todos os demais privilégios maçônicos.

E se possuir posses que lhe permitam fazê-lo, e não o faz, torna-se desonesto para consigo mesmo, pois poderá ser ele próprio o beneficiário daquele óbolo que coloca na bolsa.

Se não colabora por vaidade ou avareza o seu caráter não é bom, ele deve desconfiar que tenha algo errado consigo mesmo.

Dar esmola não significa mixaria, ninharia, insignificância; é melhor que não coloque nada e arque com as consequências que sua consciência lhe exigir.

É pela beneficência que o verdadeiro maçom se torna digno na procura de alcançar a glória de merecer de parte daquilo que ele considera o Grande Arquiteto do Universo, o seu Deus, o prêmio de fazer parte da edificação da sociedade.

Em sendo tão séria, esta disposição então porque abusar da sorte: hoje está tudo bem, mas quem sabe o que o amanhã reserva?

Bibliografia:
1. ASLAN, Nicola, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, Volume I, ISBN 85-7252-158-5, segunda edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 1270 páginas, Londrina, 2003;

2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 413 páginas, São Paulo, 2001;

3. CASTELLANI, José, Dicionário Etimológico Maçônico, A-B-C, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 85-7252-169-0, segunda edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 143 páginas, Londrina, 2003;

4. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 550 páginas, São Paulo, 1989.

Ir.'. ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M.'. M.'.

CIM 274460 - GOB/ GOSP

sábado, 4 de abril de 2015

A PREVALENCIA DO ESPIRITO SOBRE A MATÉRIA - GRAU 3

A PREVALENCIA DO ESPIRITO SOBRE A MATÉRIA

A fim de compreender o título desta exposição é necessário, antes, conceituarmos os termos Espírito e Matéria para não os associarmos à ideia de antagonismos ou a conceitos populares despidos das suas verdadeiras significações e papéis que cumprem perante as Leis Universais.

Comecemos com a seguinte frase de Michelangelo que se aplica com perfeição às alegorias maçônicas:

“Dentro de um bloco de mármore habita uma linda estátua”.

É lógico dessa forma pensarmos, decodificando a alegoria supra, que a matéria, no caso, o mármore, cumpre o papel de envolver uma criação mais superior do que a forma bruta apresentada pelo bloco. E que o paciente e contínuo trabalho do cinzel faz emergir sob a forma de obra de arte.

No seu conceito normal, a matéria é qualquer substância sólida, liquida ou gasosa que ocupa lugar no espaço. Existem, ainda, conceitos subjetivos sobre o termo Matéria, porém interessa-nos, sobremaneira a definição posta pela Filosofia que ensina: “o que é transformado ou utilizado pelo trabalho do homem para um determinado fim”.

Isso posto, passemos a analisar o termo Espírito que, além dos seus significados populares e literários, tem em sua origem latina o seguinte sentido: a parte imaterial do ser humano, alma; e na Filosofia é o pensamento em geral, o sujeito da representação, com suas atividades próprias e que se opõe às coisas representadas; à matéria ou à natureza.

Comparando os conceitos expostos, para maior clareza no que pretendemos elucidar verificamos que: Matéria  substância concreta, palpável; Espírito  substancia imaterial

Matéria  substância sem vontade própria; Espírito  possui vontade própria, racionalidade em sua atividade e representação.

Em princípio, sem uma observação mais lógica da Natureza, tem-se a ideia de que espírito e matéria são contrários, portanto, antagônicos, mas a origem dos dois fluem do mesmo princípio universal – da Criação Divina.

Eis, então, a questão: O G
\A\D\U\criou a matéria e o espírito para se digladiarem ou para se completarem?

Basta uma simples observação dos acontecimentos na caminhada do ser humano neste planeta para concluirmos que a Matéria, na forma da Natureza, aí está para completar as necessidades do Espírito e servi-lo, de modo a fornecer-lhe a subsistência durante seu tempo de estada nesta escola.

Manda a lógica, ainda, nos remetermos ao fato de que o Espírito Humano – Criação de Deus – na sua Perfeição e Sabedoria infinitas, foi agraciado com um corpo material, como uma espécie de vestimenta, devendo através dele, cumprir sua tarefa de aprendizado, pelo fato de ainda reunir poucos sinais de evolução. Precisa da matéria para se expressar e locomover.

A interação e interconexão do Corpo Humano com o Espírito é algo notável e maravilhoso, motivo de introspecção e análise mais apurada, psicosomatismo esse que se diferencia de todos os outros reinos da natureza, onde predomina, nas formas mais vivas, o instinto.

Coloco, aqui, uma afirmação espiritualista que diz:
O Espírito dorme no mineral, acorda no vegetal, sonha no animal e, pensa no homem...

O corpo humano é um Templo sagrado, emprestado, com pouca durabilidade, que o Espírito tem o compromisso de zelar e de utilizar com sabedoria e equilíbrio.

O Espírito faz do corpo a sua sede que, de acordo com seu aprendizado, se manifesta em ideias e pensamentos os quais poderão gerar energias poderosas de transformação para o bem ou para o mal.

A matéria é, portanto, um instrumento físico compatível com o mundo em que estamos inseridos, que serve ao Espírito para sua jornada evolutiva.

É, entendendo dessa forma, que acontece a prevalência do Espírito sobre a Matéria.

Logo, o Espírito Humano deve compreender que veio para estar neste mundo, sem ser deste mundo! É a luta interior do velho conflito humano entre o ter e o ser...

As iniciações, no campo das Doutrinas Filosóficas, cuja crença em um ser superior é condição “sine qua non”, como a MAÇONARIA, colocam aos interessados, através de um processo iniciático, estruturas de conhecimentos esotéricos e intelectivos que preparam o NOVO HOMEM para a vida além do físico, da dependência material a que se atrelou por falta de avanço espiritual.

Voltando à frase de Michelangelo, podemos afirmar que o corpo humano abriga o que há de mais sublime da Criação Divina, através de SEU FLUIDO UNIVERSAL, que é a capacidade intelectiva e emotiva de perceber, sentir, interpretar e dar cumprimento às Leis que emanam de Sua Perfeita Justiça e Sabedoria no Espírito por ELE criado à sua semelhança.

O bom ou o mau uso dessa concessão divina dirá do estado moral de cada um, habilitando o homem à libertação da matéria ou mantendo-o preso, impedindo-o de alçar voos mais altos.

FONTE: Arabutan Alves Marinho M\M\

COMPILADO POR Ir\ ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M\M\

R\E\A\A\ - GOSP / GOB